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sexta-feira, 26 de julho de 2013

"A Rainha Branca" de Philippa Gregory [Opinião Literária]

Título: A Rainha Branca
Autora: Philippa Gregory
Editora: Civilização Editora
Coleção: A Guerra dos Primos (nº2)

Sinopse:
A história do primeiro volume de uma nova trilogia notável desenrola-se em plena Guerra das Rosas, agitada por tumultos e intrigas. Autora de bestsellers internacionais, Philippa Gregory dá vida a este drama de família através das suas mulheres, começando com a história de Isabel Woodville, a Rainha Branca.
A Rainha Branca é a história de uma plebeia que ascende à realeza servindo-se da sua beleza, uma mulher que revela estar à altura das exigências da sua posição social e que luta tenazmente pelo sucesso da sua família, uma mulher cujos dois filhos estarão no centro de um mistério que há séculos intriga os historiadores: o desaparecimento dos dois príncipes, filhos de Eduardo IV, na Torre.
Através da sua visão única, Philippa Gregory explora o maior mistério até hoje por resolver, baseando-se numa investigação perfeita e recorrendo ao seu inimitável talento como contadora de histórias.

Opinião:
Mais uma vez Philippa Gregory consegue aliar uma notável caracterização histórica a uma extraordinária e aliciante componente ficcional, produzindo uma obra repleta de conspirações, intrigas e jogos de poder num reino permanentemente em guerra. A autora retrata de uma forma brilhante a instabilidade da monarquia inglesa no século XV, em que nem os laços de sangue impedem a rivalidade entre as Casas Iorque e Lencastre.
Uma guerra entre primos que rapidamente se torna numa guerra entre irmãos, com Eduardo IV e os seus irmãos Jorge, Duque de Clarence, e Ricardo, Duque de Iorque, a lutarem em lados opostos pelo mesmo objetivo: o trono de Inglaterra. Assistimos, pois, às batalhas mais sangrentas, às traições mais profundas, às reviravoltas mais surpreendentes!
É neste contexto que acompanhamos a vida de Isabel Woodville, uma jovem viúva com dois filhos que consegue deslumbrar o Rei e assim assegurar a posição social da sua família. Contudo, Isabel rapidamente aprende que não pode confiar em ninguém. Esta personagem é retratada de uma forma muito realista, dotada de uma personalidade forte e uma determinação férrea, sem meios a medir para atingir os seus objetivos. No final, é confrontada pela própria filha acerca das decisões que tomou: terá sido a sua própria ambição que selou o desfecho da sua família?
Na verdade, numa época marcada pela ambição desmedida e disputas pelo trono, ninguém está a salvo. Nem mesmo quando Isabel assegura um herdeiro para o Rei, o trono de Inglaterra fica garantido. Isto é comprovado pelo desaparecimento dos dois príncipes, filhos de Eduardo IV e Isabel, na Torre. Um dos mistérios mais obscuros da história de Inglaterra, para o qual a autora formula uma explicação plausível e interessante, mas um mistério que ainda hoje permanece sem resposta…
Uma dos aspetos mais original desta obra é a alusão a Melusina, uma deusa da água. Isabel, como sua descendente, é aparentemente dotada de alguns poderes sobrenaturais que a ajudam a cumprir o seu destino enquanto rainha de Inglaterra. Este elemento subjetivo de magia e lenda tem um papel fundamental ao longo da estória e adorna o retrato histórico mais objetivo e factual desta obra. Adorei este toque místico e supersticioso, tornou o enredo mais apelativo e inovador.
Apesar de ser um livro algo exaustivo na contextualização histórica e política da guerra, é também uma das obras mais ficcionais da autora, uma visão bastante romanceada dos eventos que caracterizaram esta época. Não deixa de ser, contudo, um retrato intenso do efeito devastador da guerra e das consequências da luta pelo poder, uma fiel caracterização de uma Inglaterra dividida, cruel e em permanente mudança.

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