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sexta-feira, 3 de maio de 2013

"A Sombra do Vento" de Carlos Ruiz Záfon [Opinião Literária]

Título: A Sombra do Vento
Autor: Carlos Ruiz Záfon
Editora: Dom Quixote
Coleção: O Cemitério dos Livros Esquecidos (nº1)

Sinopse:
Numa manhã de 1945, um rapaz é conduzido pelo pai a um lugar misterioso, oculto no coração da cidade velha: O Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí, Daniel Sempere encontra um livro maldito que muda o rumo da sua vida e o arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma obscura de Barcelona.
Juntando as técnicas do relato de intriga e suspense, o romance histórico e a comédia de costumes, "A Sombra do Vento" é sobretudo uma trágica história de amor cujo eco se projecta através do tempo. Com uma grande força narrativa, o autor entrelaça tramas e enigmas ao modo de bonecas russas num inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros, numa intriga que se mantém até à última página. 

Opinião:
Esta é uma obra que enaltece o encantamento profundo que um livro é capaz de tecer no leitor, que aconselho a todos os amantes destes preciosos objetos. Assente na década de 40, numa Barcelona flagerada pela guerra civil e pela ditadura de Franco, a narrativa acompanhará o fascínio dilacerante e potencialmente perigoso de um jovem por um misterioso livro. No fundo, esta é uma estória de um livro dentro de um livro, com uma intriga complexa e intrincada.
As personagens são fascinantes e multifacetadas, com o devido destaque para Fermín, cuja estória de vida me tocou profundamente. Aprecio a mensagem que representa: que por detrás de um aspeto andrajoso pode estar um homem digno e honrado.
Mas o aspeto mais positivo da obra é o estilo original do autor, a sua escrita muito visual, quase cinematográfica, que permite ao leitor sentir, viver, saborear tudo o que é descrito! A prose é soberba, as descrições são melodiosas e a narrativa é quase poética.
De igual modo, apreciei bastante o ambiente gótico retratado, o clima psicologicamente denso e as pequenas nuances que pretendem refletir algo sobrenatural. Confesso, porém, que por vezes senti que a narrativa se tornava algo pesada, por vezes demasiado extensa, com a introdução de novos detalhes à estória. Talvez devido ao excesso de floreados em certas partes, que se tornam algo descritivas, sinto que perdi algures o entusiasmo pelo desenrolar da ação. No entanto, este entusiasmo regressou perto do desenlace final, quando todas as peças se começaram a encaixar e o confronto final repleto de ação é inevitável.
Adorei a forma como o presente se entrelaça com o passado, através do paralelismo entre a vida do jovem Daniel e a estória do misterioso escritor Julián Carax. As pequenas e subtis ligações entre ambos dão um toque especial à narrativa, elevando o desenlace final a um nível de profundidade emocional superior.
Aguardo ansiosamente a leitura do próximo volume, para me perder nos corredores do Cemitério dos Livros Esquecidos, um lugar fascinante que gostaria de ver mais explorado nos próximos livros. Esta saga não poderia ter sido iniciada da melhor maneira, com um primeiro volume que pressagia a qualidade dos futuros volumes. O autor foi, pois, capaz de construir uma belíssima ode aos livros, ao poder que encerram nas suas páginas – poder esse capaz de mudar vidas e moldar o futuro.

4 comentários:

  1. Estou a ler este livro neste momento. Adorei o início, mas estou numa parte mais parada, mais densa, que desmotiva um bocadinho...
    Mas sem dúvida, um excelente livro :)
    Gostei da tua opinião :)

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    1. Pois, este livro tem algumas partes mais densas que desmotivam o leitor, por isso não lhe dei uma pontuação maior...
      Mas continua a ler que sem dúvida que gostarás :)

      Beijinhos*

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  2. Oh, como eu adoro este livro! Li-o num instantinho de tão viciada que estava. Adoro o tom poético de Záfon e aquele amor pelos livros que nos puxa ainda mais para história.

    Mónica, O Jogo do Anjo é ligeiramente diferente e há muitos que não gostaram muito mas, eu gostei do seu tom enigmático e por não ser igual ao Sombra.

    Beijinhos*

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    1. Gostava de ter ficado mais viciada, mas sem dúvida que é um excelente livro com uma escrita lindíssima!

      Hmmm... deixaste-me intrigada quanto ao "O Jogo do Anjo", pretendo lê-lo este mês, até pode ser que aprecie mais que "A Sombra do Vento" :)

      Beijinhos*

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