"O Homem Que Amava Demais" de Elizabete Cruz [Opinião Literária]
Título: O Homem Que
Amava Demais
Autora: Elizabete Cruz
Editora: Corpos Editora
Sinopse:
Quando Inês assiste à morte do namorado, Carlos, não imagina que a sua
vida está prestes a mudar. Incumbida da missão de encontrar o pai dele, que ele
nunca conhecera, a sua pesquisa leva-a até Pirenópolis, a uma comunidade
hippie. Lá conhece Dean Silva, meio-irmão de Carlos, que por lá habita desde
que a sua namorada, Abby, foi declarada como morta. Juntos partem então para a
Califórnia, em busca do pai de Carlos, e o caminho leva-os a descobrir
sentimentos que julgavam já nem sequer possuir. No entanto, o passado de Dean
está à espreita, e Henry, seu irmão, não deixará que ele se desvaneça. Tudo
porque ele quer construir algo que a ele próprio transcende, e que sabe que sem
a ajuda do irmão não conseguirá: a bomba de hidrogénio. Para isso, Henry fará
de tudo para transformar Dean, inclusive incluir Inês nos seus planos
diabólicos, encarcerando-a com os génios que farão o seu plano seguir em
frente. Com Dean a seu lado e um caminho traçado, Henry acredita que nada o
poderá desviar do seu destino. Mas ele engana-se, pois estranhamente todos
aqueles que estão consigo começam a morrer, um por um, num local onde ele sabe
que só ele consegue entrar e sair. O medo de ser a próxima vítima instala-se, e
Inês embrenha-se numa busca pela verdade, o que a leva a descobrir que tudo o
que ela sabe sobre Dean e Henry não passa de uma grande mentira.
Afinal, porque morreu Abby? Porque sequestrou Henry oito pessoas? E quem
é o culpado pelas suas estranhas mortes?
Opinião:
Esta foi uma leitura que me deixou ambígua na sua classificação, principalmente
pela maneira como a minha opinião se alterava à medida que a estória avançava. Inicialmente,
não me conseguia embrenhar na estória, faltava algo que considero difícil de
discernir, talvez alguma profundidade às personagens ou uma narrativa mais
dinâmica que me agarrasse. Felizmente, a partir do meio do livro, algo se
começou a formar: um ambiente de suspense,
mistério e intriga que me prendeu completamente às páginas e que mudou
completamente a minha perspetiva sobre esta obra.
O desenvolvimento das personagens é notório e apreciei bastante a dualidade
entre Dean e Henry, entre alguém que se esconde do seu passado e, no fundo, de
si próprio, e alguém que nada mais faz do que seguir os seus impulsos
psicopatas. Adorei a forma como no fim, acabei por desprezar Dean e sentir
alguma empatia por Henry, quando o contrário seria mais expectável. Foi uma
surpresa agradável a forma como todo o paradigma que envolve Dean se altera: a
sua máscara de encanto se desfaz perante o leitor.
Quanto à protagonista, Inês, não posso dizer que me tenha cativado. A
sua martirização e tendência para a auto-destruição tornou-se um pouco
exasperante. As suas oscilações de humor eram repentinas e imprevisíveis, não a
achei totalmente realista. Por vezes imatura e insegura, dou-lhe algum crédito
pela coragem e determinação que demonstra em algumas passagens. No entanto,
ficou a ânsia por uma personagem feminina mais forte. De igual modo, a sua
relação com Dean é surreal e demasiado instantânea. No entanto, penso que
transmitiu bem a ideia de como o desespero e a tristeza profunda podem fazer com que nos deixemos levar pela primeira fonte de conforto que encontramos – que para
Inês era Dean.
Relativamente à estória em si, penso que por vezes era um pouco confusa,
com muitos elementos em jogo ao mesmo tempo: a procura pelo pai de Carlos, o
mistério da morte de Abby, as mortes e os sequestros, a construção de uma bomba
de hidrogénio… Porém, com um fio condutor bem delineado, estes elementos se
interligam e tudo no final se compõe.
As minhas componentes favoritas foram sem dúvida: as descrições
violentas, algo doentias, dos crimes sádicos e macabros cometidos; o ambiente
de pressão, dúvida e paranóia latente; e a abordagem da síndrome de
Estocolmo. Apesar de não apreciar finais em aberto, gostei do dramatismo no
desenlace final.
Em suma, foi uma obra que me surpreendeu bastante ao longo da sua
leitura, algo inconstante mas que no final superou as expectativas iniciais. Após
um início conturbado, deixou-me rendida à evolução da estória e,
principalmente, das personagens!
Ohhh obrigada ^^
ResponderEliminarPensei sinceramente que ia ser chacinada pela tua opinião, por isso fiquei bastante aliviada :p Obrigada :D
ResponderEliminarOhhhh chacinada porquê? Eu não sou assim tão má :(
EliminarNo início estava a ser uma leitura difícil mas mais ao menos a partir do meio do livro fiquei agarrada ^^ Por isso no final foi um saldo bastante positivo :)
Porque tu és uma opinadora nata :p e pronto, porque há coisas que se fosse hoje eu escreveria de maneira diferente :)
EliminarOh claro mas nenhum livro é perfeito e assim tens uma grande oportunidade para aprender e aposto que já cresceste imenso como escritora desde este livro! :)
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