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quarta-feira, 27 de março de 2013

"O Homem Que Amava Demais" de Elizabete Cruz [Opinião Literária]

Título: O Homem Que Amava Demais
Autora: Elizabete Cruz
Editora: Corpos Editora

Sinopse:
Quando Inês assiste à morte do namorado, Carlos, não imagina que a sua vida está prestes a mudar. Incumbida da missão de encontrar o pai dele, que ele nunca conhecera, a sua pesquisa leva-a até Pirenópolis, a uma comunidade hippie. Lá conhece Dean Silva, meio-irmão de Carlos, que por lá habita desde que a sua namorada, Abby, foi declarada como morta. Juntos partem então para a Califórnia, em busca do pai de Carlos, e o caminho leva-os a descobrir sentimentos que julgavam já nem sequer possuir. No entanto, o passado de Dean está à espreita, e Henry, seu irmão, não deixará que ele se desvaneça. Tudo porque ele quer construir algo que a ele próprio transcende, e que sabe que sem a ajuda do irmão não conseguirá: a bomba de hidrogénio. Para isso, Henry fará de tudo para transformar Dean, inclusive incluir Inês nos seus planos diabólicos, encarcerando-a com os génios que farão o seu plano seguir em frente. Com Dean a seu lado e um caminho traçado, Henry acredita que nada o poderá desviar do seu destino. Mas ele engana-se, pois estranhamente todos aqueles que estão consigo começam a morrer, um por um, num local onde ele sabe que só ele consegue entrar e sair. O medo de ser a próxima vítima instala-se, e Inês embrenha-se numa busca pela verdade, o que a leva a descobrir que tudo o que ela sabe sobre Dean e Henry não passa de uma grande mentira.
Afinal, porque morreu Abby? Porque sequestrou Henry oito pessoas? E quem é o culpado pelas suas estranhas mortes?

Opinião:
Esta foi uma leitura que me deixou ambígua na sua classificação, principalmente pela maneira como a minha opinião se alterava à medida que a estória avançava. Inicialmente, não me conseguia embrenhar na estória, faltava algo que considero difícil de discernir, talvez alguma profundidade às personagens ou uma narrativa mais dinâmica que me agarrasse. Felizmente, a partir do meio do livro, algo se começou a formar: um ambiente de suspense, mistério e intriga que me prendeu completamente às páginas e que mudou completamente a minha perspetiva sobre esta obra.
O desenvolvimento das personagens é notório e apreciei bastante a dualidade entre Dean e Henry, entre alguém que se esconde do seu passado e, no fundo, de si próprio, e alguém que nada mais faz do que seguir os seus impulsos psicopatas. Adorei a forma como no fim, acabei por desprezar Dean e sentir alguma empatia por Henry, quando o contrário seria mais expectável. Foi uma surpresa agradável a forma como todo o paradigma que envolve Dean se altera: a sua máscara de encanto se desfaz perante o leitor.  
Quanto à protagonista, Inês, não posso dizer que me tenha cativado. A sua martirização e tendência para a auto-destruição tornou-se um pouco exasperante. As suas oscilações de humor eram repentinas e imprevisíveis, não a achei totalmente realista. Por vezes imatura e insegura, dou-lhe algum crédito pela coragem e determinação que demonstra em algumas passagens. No entanto, ficou a ânsia por uma personagem feminina mais forte. De igual modo, a sua relação com Dean é surreal e demasiado instantânea. No entanto, penso que transmitiu bem a ideia de como o desespero e a tristeza profunda podem fazer com que nos deixemos levar pela primeira fonte de conforto que encontramos – que para Inês era Dean.  
Relativamente à estória em si, penso que por vezes era um pouco confusa, com muitos elementos em jogo ao mesmo tempo: a procura pelo pai de Carlos, o mistério da morte de Abby, as mortes e os sequestros, a construção de uma bomba de hidrogénio… Porém, com um fio condutor bem delineado, estes elementos se interligam e tudo no final se compõe.  
As minhas componentes favoritas foram sem dúvida: as descrições violentas, algo doentias, dos crimes sádicos e macabros cometidos; o ambiente de pressão, dúvida e paranóia latente; e a abordagem da síndrome de Estocolmo. Apesar de não apreciar finais em aberto, gostei do dramatismo no desenlace final.
Em suma, foi uma obra que me surpreendeu bastante ao longo da sua leitura, algo inconstante mas que no final superou as expectativas iniciais. Após um início conturbado, deixou-me rendida à evolução da estória e, principalmente, das personagens!

5 comentários:

  1. Pensei sinceramente que ia ser chacinada pela tua opinião, por isso fiquei bastante aliviada :p Obrigada :D

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    1. Ohhhh chacinada porquê? Eu não sou assim tão má :(
      No início estava a ser uma leitura difícil mas mais ao menos a partir do meio do livro fiquei agarrada ^^ Por isso no final foi um saldo bastante positivo :)

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    2. Porque tu és uma opinadora nata :p e pronto, porque há coisas que se fosse hoje eu escreveria de maneira diferente :)

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    3. Oh claro mas nenhum livro é perfeito e assim tens uma grande oportunidade para aprender e aposto que já cresceste imenso como escritora desde este livro! :)

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