"Compaixão" de Jodi Picoult [Opinião Literária]
Título: Compaixão
Autora: Jodi
Picoult
Editora: Civilização
Editora
Sinopse:
Se o amor da
sua vida lhe pedisse ajuda para morrer, que faria? O comandante da polícia de
uma pequena cidade de Massachusetts, Cameron McDonald, faz a detenção mais
difícil da sua vida quando o seu primo Jamie lhe confessa ter matado a mulher,
que sofria de uma doença terminal, por compaixão. Agora, um intenso julgamento
por homicídio coloca a cidade em alvoroço e vem perturbar um casamento estável:
Cameron, colaborando na acusação contra Jamie, vê-se, de repente, em confronto
com a sua mulher, Allie – fascinada pela ideia de um homem amar tanto a mulher
a ponto de lhe conceder todos os desejos, até mesmo o de acabar com a vida
dela. E quando uma atracção inexplicável leva a uma traição chocante, Allie
vê-se confrontada com as questões sentimentais mais difíceis: quando é que o
amor ultrapassa os limites da obrigação moral? E o que é que significa amar
verdadeiramente alguém?
Opinião:
A premissa
desta obra é fascinante. Como qualquer estória criada por Jodi Picoult, a
temática abordada é atual, pujante e polémico. A eutanásia é provavelmente uma
das grandes questões da sociedade moderna, em que o prolongamento da vida
através dos avanços na medicina não se traduz necessariamente num aumento da
qualidade de vida. Como futura profissional de saúde, não é eticamente correto
colocar esta questão. Como ser humano, é impossível não me questionar acerca do
sofrimento dos doentes terminais, do desespero que leva alguém a considerar a
morte como um alívio. Mas seriamos capaz de tomar esta decisão por alguém que amamos?
Claramente um tópico difícil, para o qual a autora demonstra diversas
perspetivas, sem nunca emitir um juízo final, instigando uma reflexão profunda
acerca dos limites do amor e do valor da dignidade humana.
Este assunto
é retratado pela visão de Jamie, um homem perdidamente apaixonado pela esposa
em estado terminal, que cede ao seu desejo e acaba com o seu sofrimento. A
caracterização desta personagem é cativante, sendo apresentado como um homem
devastado pela dor perante a morte da mulher. Inicialmente acreditando que
tomou a melhor decisão, Jamie percorrerá um percurso intenso na sua mente para
finalmente aceitar que talvez o amor não justifique tudo. Ainda que discordemos
com a perspetiva de Jamie, as questões levantadas ao longo da estória levarão o
leitor a refletir sobre os seus próprios valores e convicções. Porém, estranhamente,
nunca obtemos a perspetiva de Maggie. Penso que teria sido uma abordagem mais
completa se tivesse incluído o ponto de vista da doente terminal.
Infelizmente,
esta temática promissora é desperdiçada num enredo secundário (e que, no final,
acaba por dominar toda a narrativa) sobre um casamento que vai ser posto à
prova pela sombra do adultério. Esta até poderia ter sido uma visão interessante,
honesta e crua das dificuldades inerentes a um casamento, se as personagens não
fossem tão absurdamente detestáveis! Cam é provavelmente o pior pesadelo de
qualquer esposa: mentiroso, condescendente, egoísta. Mesmo antes de começar o
seu caso extramarital com Mia, já sentia pena de Allie pelo simples facto de
ter que o aturar. Além disso, a maneira como a relação entre Cam e Mia começa é
simplesmente estranha e pouco credível. Embora a autora tente incluir alguns
momentos redentores para Cam, não consegui de maneira nenhuma apreciar nem um
bocadinho desta personagem.
E quanto a Allie?
Basicamente passei o livro todo à espera que esta mulher deixasse de ser tão
ingénua, tão passiva, tão solícita a cumprir os desejos do marido. Quando
finalmente descobre a sua traição sofre uma transformação drástica e finalmente
pensei que veria uma mulher forte, independente, renascida do sofrimento que o
casamento lhe impôs. Contudo, esta mudança dura praticamente dois dias e volta
tudo ao início. Foi uma desilusão completa.
Talvez a
intenção da autora fosse estabelecer um paralelismo entre a relação de Jaime e
Maggie, tão perfeita mas que culmina em desgraça, e o casamento de Allie e Cam
que, apesar das dificuldades enfrentadas, mantém-se intacto. No entanto, foi
simplesmente frustrante observar certas personagens com atitudes horrendas a
safarem-se facilmente e sem grandes consequências. Se Jodi Picoult tencionava
gerar alguma simpatia no leitor falhou redondamente.
A sua escrita,
porém, mantém-se dinâmica, acessível e fluída, com a exceção dos inúmeros flashbacks relacionados com a Escócia sem
grande relevância e que parecem inseridos no meio dos capítulos apenas para
encher as páginas.
No fundo, a
autora tentou construir duas estórias demasiado complexas para serem
trabalhadas em simultâneo, acabando por diluir o impacto da temática inicial –
a eutanásia – em virtude de um drama sem grande interesse. Uma prestação fraca
de uma autora que já comprovou ser bem melhor.
Também fiquei muito desiludida com este livro...O desenvolvimento é lento, as personagens, lá está, são um bocado irritantes e tanto quanto me lembro o final é um bocado previsível...Gosto desta autora, mas os últimos que tenho lido dela revelaram-se fracos...
ResponderEliminarcumps
Quais foram os últimos que leste dela? Por curiosidade :)
EliminarNo Seu Mundo, Frágil e este aqui...Entretanto já saíram mais, mas ainda não li. Eles são lançados a tanta velocidade que o meu orçamento não consegue acompanhar -_-
Eliminarcumps
O "No Seu Mundo" já li e até gostei, apesar de não ser dos meus favoritos. O "Frágil" nunca li...
EliminarSim, é difícil fazer a coleção dos livros dela, não são propriamente baratos. Mas se queres um conselho, compra o "Para a Minha Irmã" ou "Dezanove Minutos", para mim são os melhores :)
Tenho de comprar o Dezenove minutos...Já o li mas era emprestado. Também acho que esses são os melhores dela juntamente com o em troca de um coração.
Eliminarcumps :)
Nunca li o "Em Troca de um Coração", obrigada pela sugestão :)
EliminarAinda não li este livro.. mas gosto muito da Jodi.. É pena que este livro não seja tão bom.. :(
ResponderEliminarbeijinhos*
Também gosto muito da Jodi, por isso é que a desilusão foi tão grande :(
EliminarBeijinhos*
Subscrevo a tudo o que disseste. E ele só voltou para a Allie porque a Mia se pôs na alheta -.-''
ResponderEliminarTu bem me avisaste xD
EliminarSim, basicamente a Mia deu-lhe com os pés e ele volta com umas desculpas esfarrapadas e a Allie engole! A sério, que homem insuportável! Odiei, odiei, odiei-o!
So did I -.-' E foi a minha estreia com ela
EliminarOuch. Que pontaria!
EliminarYee :(
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