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segunda-feira, 29 de julho de 2013

"Vozes do Passado" de Nora Roberts [Opinião Literária]

Título: Vozes do Passado
Autora: Nora Roberts
Editora: Ulisseia

Sinopse:
Numa tarde quente de Julho, um operário que trabalhava num estaleiro de construção em Antietam Creek golpeia com a enxada um determinado ponto do solo – e atinge um crânio humano com cerca de 5000 anos. A descoberta suscita curiosidade e, como não podia deixar de ser, alguma controvérsia. E irá também mudar de forma imprevisível a vida de uma mulher…
A arqueóloga Callie Dunbrook sabe, é claro, imensas coisas a respeito do passado. Mas é o seu próprio passado que irá agora ser escrutinado e posto em causa. Escolhida por razoes de competência para dirigir a estação arqueológica de Antietam Creek, ela vai aí enfrentar vários perigos – já que a sombra da morte e do infortúnio parece planar sobre aquele local, que muitos aliás dizem estar amaldiçoado. Pouco a pouco, redescobre uma paixão que pressente ser também perigosa ao ter de colaborar, nesse seu novo trabalho, com Jake Graystone, o irritante mas irresistível ex-marido. E quando finalmente uma estranha mulher a aborda, afirmando conhecer um segredo a respeito da sua infância, há questões surpreendentes e inquietantes relativas à sua própria identidade que não podem ser ignoradas.
À medida que procura respostas para todas as suas dúvidas, Callie irá descobrir que alguns enganos e algumas mágoas se não deixam facilmente sepultar. E que há quem esteja disposto a tudo para que a verdade nunca seja descoberta.

Opinião:
Ler uma obra de Nora Roberts é sentir que regressamos àquele lugar especial e aconchegante, uma leitura confortável, repleta de romance, mistério e sedução. Nesta obra, a autora explora a forma como os segredos do passado voltam sempre para nos assombrar, tendo a possibilidade de destruir tudo aquilo que construímos para nós próprios.
Callie, a protagonista, terá de aprender este facto da pior maneira possível: descobre que foi adotada e, como se não fosse suficientemente chocante, que foi raptada quando ainda era uma criança. Assim, Callie encontra-se dividida entre a lealdade para com os seus pais adotivos, que nada sabiam da sua origem ilegal, e a sua família biológica, uma família para sempre marcada pelo trauma do seu desaparecimento. Adorei a abordagem a este tema tão sensível, retratando fielmente o sofrimento de uma mãe que desconhece o paradeiro da sua filha, o trauma de um irmão que se sente responsável pelo desaparecimento da irmã mais nova que jurou proteger, e o tormento de um pai que nada consegue fazer para manter a sua família unida. Esta é a estória do destino interrompido de uma família, para sempre perdido nas malhas da história, e que nunca poderá regressar.
Para embelezar todo este cenário dramático, a componente romântica desta estória certamente não desilude. Callie e Jake são um casal um pouco atípico para esta autora: divorciados, colegas de profissão obrigados a colaborar, apesar de toda a tensão entre ambos. Embora sejam extremamente teimosos, determinados e por vezes absurdamente egocêntricos, estes dois são personagens impossíveis de odiar, cujas intenções são fundamentalmente boas mas cuja dificuldade em comunicarem os seus verdadeiros sentimentos me deixou algo exasperada. Afinal, bastaria uma conversa honesta para finalmente se aperceberem que o amor que os unia nunca deixou de existir. Ainda assim, os diálogos entre ambos são bastante divertidos, precisamente pelas suas atitudes teimosas.
Por outro lado, a autora apresenta-nos a outro casal: Doug e Lana. O primeiro carrega consigo a culpa pelo desaparecimento da irmã, enquanto Lana tenta ultrapassar a morte súbita do seu marido e providenciar uma infância feliz para o seu filho. Apreciei bastante a dinâmica deste casal, especialmente o facto de ser Lana a dar os primeiros passos na relação, quebrando qualquer estereótipo de género. A sua personalidade fogosa, impulsiva e determinada fazem dela uma personagem inesquecível neste romance!
Em último lugar, não posso deixar de mencionar Jay e Suzanne, pais biológicos de Callie, que, perante o reaparecimento da filha que julgavam perdida, reencontram o amor que sempre os uniu. Este foi provavelmente o casal que mais me emocionou, ao observar a forma como a perda um filho quase os destruiu completamente, para finalmente reencontrarem a felicidade nos braços um do outro.
Mais uma vez, Nora Roberts recorre à sua extraordinária capacidade para criar um romance cativante, com personagens arrebatadoras, temáticas pujantes e emotivas, sem esquecer uma boa pitada de humor.

2 comentários:

  1. Parece ser um livro que vou gostar imenso de ler :)
    Beijinho

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    Respostas
    1. Também acho que sim :) Aconselho ;)

      Beijinhos e boas leituras!

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