"Prelúdio" de Anton Stark [Opinião Literária]
Título: Prelúdio
Autor: Anton Stark
Editora: Editorial
Arauto
Coleção: Downspiral
(nº1)
Sinopse:
Dinheiro. É tudo o que Alleth Vairs necessita
e tudo o que o levou a juntar-se ao Serviço de Reconhecimento Amorsleano. O
trabalho de espião paga bem, mas a nova missão pode trazer-lhe mais do que uma
recompensa avultada. E os deuses, dizem, são graciosos...
O duque Rhenquist Alvaro sonha com uma
Amorslea forte e unida. Para se certificar que certos obstáculos são removidos
desse caminho, terá de operar nas sombras, manipulando os destinos do reino com
jogos de poder.
Stephan Kallistos é atirado à força para o
comando de um regimento destroçado após uma esmagadora derrota da Confederação.
A promoção não lhe agrada, te todo. De facto, o avanço na carreira pode
revelar-se terminal.
Do Norte Gelado os Crentes lançam-se uma vez
mais contra os hereges do sul, e Quanon da Chama avança com os seus irmãos de
templo nas fileiras da frente, pronto para a batalha.
Neste primeiro volume da saga Downspiral, a
primeira saga steampunk em português, o leitor percorrerá por terra, água e ar
os Reinos de Vapor, acompanhado por várias personagens cujos destinos se
entrecruzam - e, mais importante de tudo, começará também ele a questionar-se:
o que é o Sopro, para que serve, e porque tantos o procuram?
Opinião:
Foi com
grandes expectativas que iniciei esta leitura, particularmente por saber que
seria o meu primeiro contacto com o género Steampunk. Mesmo assim, fui tomada
de assalto por uma obra verdadeiramente estimulante, que me deixou surpresa
pela sua qualidade e originalidade.
O Mundo de
Eos é incrivelmente bem delineado, com algumas semelhanças ao mundo real mas
bastantes particularidades interessantes e inovadoras. O autor apresenta
conceitos novos a todo o momento, o que pode ser um desafio para o leitor. Por
vezes, tive a necessidade de reler algumas passagens, saboreando toda a
complexidade deste world-building
fenomenal. Por conseguinte, este não é um livro que se possa ler na diagonal, requer
tempo, disponibilidade e uma mente aberta. Um dos aspetos mais positivos neste
domínio é o facto de o autor não recorrer ao infodump para descrever este mundo, colocando cada pedacinho de
informação nos locais ideiais.
Outro
aspecto que me deixou encantada foi a forma como as estórias individuais, introduzidas
em cada capítulo, se interligam no final. Inicialmente, tudo parece aleatório e
fragmentado, acabando por quebrar um pouco do ritmo da narrativa. Contudo, à
medida que a estória se desenrola, os elos de ligação tornam-se visíveis e a
narrativa adquire um ritmo dinâmico e viciante. Em particular, adorei o
ambiente de segredos, intrigas e manipulações constantes que domina este reino.
Quanto às
personagens, penso que algo falhou neste domínio. Enquanto leitora, não me
identifiquei nem criei empatia com grande parte dos protagonistas, talvez
excetuando Stephan, cujo carácter e motivações me pareceram bem construídas.
Compreendo, porém, que com um rol tão grande de personagens seja uma tarefa
árdua desenvolver minuciosamente cada uma, até porque algo terá que sobrar para
os restantes volumes, certo? Ainda assim, gostaria que Nev tivesse sido
abordada de forma diferente, pois adorei a sua introdução na estória, os seus
feitos enquanto ladra, mas rapidamente se tornou numa personagem demasiado secundária.
De igual modo, Rhenquist foi uma personagem que me intrigou, os seus jogos de
poder e manipulações secretas deixaram-me ansiosa por saber como a sua estória
se desenrolará nos próximos volumes.
Em relação à
escrita, o autor apresenta uma capacidade bastante polida, utilizando um
vocabulário complexo mas sempre num contexto facilmente identificável pelo
leitor. Na verdade, nota-se
o perfeccionismo e minuciosidade do autor, que não se poupou a esforços para
nos trazer a sua estória contada da melhor forma possível. Assim, penso que estamos
indubitavelmente na presença de um prelúdio para uma saga com grande potencial!
Olá,
ResponderEliminarPor acaso tive o prazer de ler este livro em leitura conjunta onde inclusivamente o Anton participou e concordo contigo quando referes estarmos na presença de um excelente livro.
Quanto às personagens até gostei bastante e considero-as bem construídas, em especial Alleth a lembrar um larápio de nome Laocke Lamora e que ainda tem muito para dar ou não tivesse pela frente uma missão de nível A :D
Excelente e tenho cá na ideia que estamos ainda no inicio de algo grandioso que ainda está para vir ;)
Bjs e boas leituras
O Alleth...enfim, não gostei assim tanto dele xD A única personagem que gostei mesmo foi do Stephan, às restantes faltava-lhes algo...
EliminarE sim, tem que vir aí algo grandioso, pela qualidade deste 1º volume :)
Beijinhos e boas leituras!
Já vou ver, muito obrigada! :D
ResponderEliminarBeijinhos*
Concordo plenamente com tudo o que aqui referiste. O livro é deveras algo de excepcional, principalmente para aqueles que nunca tiveram um contacto com Steampunk mas que gostam de fantasia. As personagens são algo que o autor tem de trabalhar, sem dúvida, mas pelo que tenho falado com ele e pelos pequenos textos que tenho lido do próximo volume, as personagens estão a ser mais desenvolvidas e a asseguro que a Nev terá um papel um pouco mais principal.
ResponderEliminarTambém tive a oportunidade de falar com o autor e tive essa impressão, que as personagens serão mais exploradas e que a Nev terá um papel mais dinâmico :D Mal posso esperar pelo próximo livro!
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