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quinta-feira, 4 de abril de 2013

"O Homem Pintado" de Peter V. Brett [Opinião Literária]

Título: O Homem Pintado
Autor: Peter V. Brett
Editora: Gailivro
Coleção: Ciclo A Noite dos Demónios (nº1)

Sinopse:
Por vezes, há boas razões para recear a escuridão…
Aos onze anos, Arlen vive com os pais numa pequena quinta, a meio dia de viagem da aldeia isolada de Ribeiro de Tibbet. Quando a escuridão cai sobre o seu mundo, uma estranha névoa ergue-se do chão, com uma promessa de morte aos que forem suficientemente loucos para enfrentarem a escuridão crescente. É que existem demónios famintos que se materializam da névoa e se alimentam dos vivos. A partir do momento em que a sua vida é despedaçada pela praga dos demónios, Arlen vê-se forçado a perceber que é o medo, e não os demónios, a dominar verdadeiramente a humanidade.
Na pequena aldeia de Outeiro do Lenhador, o futuro perfeito de Leesha é destruído pela traição e por uma mentira. Publicamente humilhada, ela acaba a recolher ervas e a cuidar de uma anciã mais temível que os nuclitas. No entanto, a sua desgraça transforma-a na guardiã de um saber antigo e perigoso.
Órfão e mutilado pelo ataque dos demónios, o jovem Rojer encontra conforto no domínio das artes musicais de um jogral, descobrindo que o seu talento único lhe confere um poder inesperado sobre a noite.
Juntos, estes três jovens oferecem à humanidade uma última e fugaz hipótese de sobrevivência.

Opinião:
Num mundo repleto de escuridão, em que o anoitecer acarreta um perigo inimaginável, o autor delineia uma estória arrebatadora, com um ritmo alucinante e personagens encantadoras. O world-building é credível e entusiasmante e a mitologia bastante original. Demónios do fogo, do vento, da madeira, da rocha, da água, são todos representantes da força da natureza, criaturas temíveis e impiedosas, cujos atos sangrentos constituem a vertente mais negra desta obra. Outro aspeto singular é a arma de defesa contra estes seres: as guardas, símbolos mágicos que, quando irrepreensivelmente desenhados em rede e embutidos numa superfície (de preferência sólida, resistente e imune aos elementos), fornecem um escudo de proteção. Aguardo os próximos volumes para uma explicação mais detalhada sobre a sua origem e verdadeira essência.
É neste contexto algo sombrio que o leitor acompanha as vidas de três jovens: Arlen, Leesha e Rojen, ao longo das suas respetivas infâncias, adolescências e início de vida adulta. Arlen é um jovem com uma aptidão inata para a técnica das guardas, cujo sonho é ser Mensageiro. Já Rojer é um aprendiz de Jogral que, apesar do defeito numa das mãos, é capaz de encantar qualquer um com o seu violino. E, como não poderia faltar, Leesha, uma rapariga de princípios morais férreos, com um grande coração e uma vontade incansável de ajudar os outros através do seu talento como herbanária. Os três partilham uma infância conturbada, pontuada por tragédias pessoais marcantes, assim como uma determinação e coragem extraordinárias. Nascidos em terras distantes umas das outras, as suas peripécias e desventuras levá-los-ão ao seu propósito: o momento em que as suas vidas se cruzam e, com as suas habilidades distintas, cumprem o seu destino como defensores da humanidade. Estas são três personagens absolutamente cativantes, com quem criei uma empatia instantânea, razão pela qual dei por mim constantemente a velar pela sua proteção e sobrevivência. Mesmo as personagens secundárias são interessantes e diversificadas, exploradas o suficiente para envolver o leitor nas relações entre si e na dinâmica da estória.
Apesar de englobar uma dimensão cronológica bastante extensa, incluindo uma grande parcela das vidas das personagens, este livro apresenta saltos temporais que ajudam a reduzir a quantidade de informação irrelevante para o leitor. Tudo o que o autor narra possui relevância quer para a estória em si, quer para o desenvolvimento das personagens. Assim, embora imponha respeito pela sua envergadura, não é uma obra extensa ou maçadora. Pelo contrário, considero que estes buracos na história das personagens permitem o adensar de algum mistério e aumentar a intensidade do ritmo da ação. Os capítulos estão bem organizados, alternando entre as três personagens principais, o que torna a leitura mais dinâmica e envolvente e impulsiona leitor a continuar para saciar a sua curiosidade.
Com uma narrativa fluída e envolvente, o autor é capaz de cativar desde o início com o ambiente mágico, a diversidade cultural dos territórios, o próprio mistério relacionado com a origem dos demónios, cujo véu é levantado pouco a pouco. Todos estes detalhes contribuem para uma leitura empolgante e com significado. A própria mensagem que apreendi da personagem de Arlen é muito pertinente: por vezes, os demónios mais difíceis de enfrentar são aqueles que trazemos dentro de nós. E a esses sim, não podemos escapar.

2 comentários:

  1. Ois Mónica,

    Impressionante o teu ritmo de publicações, estás ainda melhor que o meu SLB :D

    Uma saga que adoro, gostei imenso deste livro e ainda mais do seguinte, A Lança do Deserto e estou muito ansioso para ler o seguinte que sinceramente nem sei bem quando será publicado, mas é uma das boas apostas da 1001 Mundos, quanto a mim claro, tal como o Rofhuss e o Joe Abrecombie.

    Sem duvida uma saga recomendada :)

    Bjs e boas leituras

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    1. Olá! :D

      Adorei esta saga, mal posso esperar por ler o 2º volume e ainda bem que me dizes que gostaste!! Também adoro a saga de Patrick Rothfuss! Quanto a Joe Abercrombie ainda não tive a oportunidade de ler as suas obras mas pelo que tenho visto parecem muito boas!

      Beijinhos e boas leituras!

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