"O Homem Pintado" de Peter V. Brett [Opinião Literária]
Título: O Homem Pintado
Autor: Peter V.
Brett
Editora: Gailivro
Coleção: Ciclo A
Noite dos Demónios (nº1)
Sinopse:
Por vezes, há boas
razões para recear a escuridão…
Aos onze anos,
Arlen vive com os pais numa pequena quinta, a meio dia de viagem da aldeia
isolada de Ribeiro de Tibbet. Quando a escuridão cai sobre o seu mundo, uma
estranha névoa ergue-se do chão, com uma promessa de morte aos que forem
suficientemente loucos para enfrentarem a escuridão crescente. É que existem
demónios famintos que se materializam da névoa e se alimentam dos vivos. A
partir do momento em que a sua vida é despedaçada pela praga dos demónios, Arlen
vê-se forçado a perceber que é o medo, e não os demónios, a dominar
verdadeiramente a humanidade.
Na pequena aldeia
de Outeiro do Lenhador, o futuro perfeito de Leesha é destruído pela traição e
por uma mentira. Publicamente humilhada, ela acaba a recolher ervas e a cuidar
de uma anciã mais temível que os nuclitas. No entanto, a sua desgraça
transforma-a na guardiã de um saber antigo e perigoso.
Órfão e mutilado
pelo ataque dos demónios, o jovem Rojer encontra conforto no domínio das artes
musicais de um jogral, descobrindo que o seu talento único lhe confere um poder
inesperado sobre a noite.
Juntos, estes três
jovens oferecem à humanidade uma última e fugaz hipótese de sobrevivência.
Opinião:
Num mundo
repleto de escuridão, em que o anoitecer acarreta um perigo inimaginável, o
autor delineia uma estória arrebatadora, com um ritmo alucinante e personagens
encantadoras. O world-building é
credível e entusiasmante e a mitologia bastante original. Demónios do fogo, do
vento, da madeira, da rocha, da água, são todos representantes da força da
natureza, criaturas temíveis e impiedosas, cujos atos sangrentos constituem a
vertente mais negra desta obra. Outro aspeto singular é a arma de defesa contra
estes seres: as guardas, símbolos mágicos que, quando irrepreensivelmente desenhados
em rede e embutidos numa superfície (de preferência sólida, resistente e imune
aos elementos), fornecem um escudo de proteção. Aguardo os próximos volumes
para uma explicação mais detalhada sobre a sua origem e verdadeira essência.
É neste
contexto algo sombrio que o leitor acompanha as vidas de três jovens: Arlen,
Leesha e Rojen, ao longo das suas respetivas infâncias, adolescências e início
de vida adulta. Arlen é um jovem com uma aptidão inata para a técnica das
guardas, cujo sonho é ser Mensageiro. Já Rojer é um aprendiz de Jogral que,
apesar do defeito numa das mãos, é capaz de encantar qualquer um com o seu
violino. E, como não poderia faltar, Leesha, uma rapariga de princípios morais
férreos, com um grande coração e uma vontade incansável de ajudar os outros
através do seu talento como herbanária. Os três partilham uma infância conturbada,
pontuada por tragédias pessoais marcantes, assim como uma determinação e
coragem extraordinárias. Nascidos em terras distantes umas das outras, as suas peripécias
e desventuras levá-los-ão ao seu propósito: o momento em que as suas vidas se
cruzam e, com as suas habilidades distintas, cumprem o seu destino como defensores
da humanidade. Estas são três personagens absolutamente cativantes, com quem
criei uma empatia instantânea, razão pela qual dei por mim constantemente a velar
pela sua proteção e sobrevivência. Mesmo as personagens secundárias são
interessantes e diversificadas, exploradas o suficiente para envolver o leitor
nas relações entre si e na dinâmica da estória.
Apesar de
englobar uma dimensão cronológica bastante extensa, incluindo uma grande
parcela das vidas das personagens, este livro apresenta saltos temporais que
ajudam a reduzir a quantidade de informação irrelevante para o leitor. Tudo o
que o autor narra possui relevância quer para a estória em si, quer para o
desenvolvimento das personagens. Assim, embora imponha respeito pela sua
envergadura, não é uma obra extensa ou maçadora. Pelo contrário, considero que
estes buracos na história das personagens permitem o adensar de algum mistério
e aumentar a intensidade do ritmo da ação. Os capítulos estão bem organizados,
alternando entre as três personagens principais, o que torna a leitura mais
dinâmica e envolvente e impulsiona leitor a continuar para saciar a sua
curiosidade.
Com uma
narrativa fluída e envolvente, o autor é capaz de cativar desde o início com o
ambiente mágico, a diversidade cultural dos territórios, o próprio mistério
relacionado com a origem dos demónios, cujo véu é levantado pouco a pouco.
Todos estes detalhes contribuem para uma leitura empolgante e com significado. A
própria mensagem que apreendi da personagem de Arlen é muito pertinente: por
vezes, os demónios mais difíceis de enfrentar são aqueles que trazemos dentro
de nós. E a esses sim, não podemos escapar.
Ois Mónica,
ResponderEliminarImpressionante o teu ritmo de publicações, estás ainda melhor que o meu SLB :D
Uma saga que adoro, gostei imenso deste livro e ainda mais do seguinte, A Lança do Deserto e estou muito ansioso para ler o seguinte que sinceramente nem sei bem quando será publicado, mas é uma das boas apostas da 1001 Mundos, quanto a mim claro, tal como o Rofhuss e o Joe Abrecombie.
Sem duvida uma saga recomendada :)
Bjs e boas leituras
Olá! :D
EliminarAdorei esta saga, mal posso esperar por ler o 2º volume e ainda bem que me dizes que gostaste!! Também adoro a saga de Patrick Rothfuss! Quanto a Joe Abercrombie ainda não tive a oportunidade de ler as suas obras mas pelo que tenho visto parecem muito boas!
Beijinhos e boas leituras!