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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

"Terra Sombria" de Alyson Nöel [Opinião Literária]




Título: Terra Sombria
Autora: Alyson Noël
Editora: Gailivro
Coleção: Os Imortais (nº3)




16:40 Publicada por Unknown 2

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

"Onde Vais Isabel?" de Maria Helena Ventura [Opinião Literária]





Título: Onde Vais Isabel?
Autora: Maria Helena Ventura
Editora: Saída de Emergência





14:12 Publicada por Unknown 3

sábado, 23 de novembro de 2013

"O Despertar das Trevas" de Karen Chance [Opinião Literária]

Título: O Despertar das Trevas

Autora: Karen Chance

Editora: Gailivro

Coleção: Série Cassandra Palmer (nº1)

Sinopse:

Cas­san­dra Pal­mer con­se­gue ver o futuro e comu­ni­car com espí­ri­tos, dons que a tor­nam atra­ente para os mor­tos e mortos-​vivos. Os fan­tas­mas dos mor­tos não cos­tu­mam ser peri­go­sos, ape­nas gos­tam de con­ver­sar… e muito. O mortos-​vivos já são outra con­versa.

Como qual­quer rapa­riga sen­sata, Cas­sie tenta evi­tar os vam­pi­ros. Mas, quando o mafi­oso suga­dor de san­gue a quem fugira há três anos a reen­con­tra com intui­tos de vin­gança, Cas­sie é obri­gada a recor­rer ao Senado dos vam­pi­ros em busca de pro­tec­ção.

Os sena­do­res dos mortos-​vivos não irão ajudá-​la sem con­tra­par­ti­das. Cas­sie terá de cola­bo­rar com um dos seus mem­bros mais pode­ro­sos, um vam­piro mes­tre peri­go­sa­mente sedu­tor. E o preço que ele exige poderá ser supe­rior ao que Cas­sie está dis­posta a pagar…

Opinião:

Partindo de uma premissa que me parecia já bastante gasta – afinal, os vampiros são as criaturas que mais abundam no género fantástico –, confesso que não tinha expectativas muito altas para esta leitura. No entanto, tenho de dar o braço a torcer e admitir que Karen Chance conseguiu trazer algo suficientemente original, incluindo uma série de seres mitológicos e criando um sistema hierárquico muito interessante.   

A protagonista, Cassie, é uma verdadeira heroína e uma jovem que anseia pela independência acima de tudo (um grande ponto a favor!) e as restantes personagens são cativantes e inusitadas (um destaque especial para o seu espírito da guarda, Billy Joe, cuja dinâmica com Cassie é imperdível). Um aspeto curioso relativamente às personagens secundárias é a introdução de figuras históricas na narrativa. Desde Cleópatra a Drácula e os seus irmãos, passando por Rasputin, Kit Marlowe, Jack o Estripador, a autora utiliza estas e muitas outras figuras da História como intervenientes na estória. Porém, embora inicialmente tenha apreciado este facto, a meio do livro chegou um momento em que estas referências se tornaram num exagero.

Contudo, o verdadeiro problema nesta obra é a carrada de informação que Karen Chance despeja no leitor sem grande contexto ou fluidez. Os info-dumps neste livro são constantes e tornam a estória desconexa e muito maçuda. A própria mitologia é bastante complexa e é impossível entrar no ritmo de uma estória quando somos bombardeados com inúmeras informações sobre os mais diversos assuntos a todos os instantes. Não estou a exagerar, a autora é capaz de interromper a descrição de uma luta para explicar todos os pequenos detalhes da história de vida de uma personagem, ou da origem de um determinado poder, ou qualquer coisa que lhe surja e que nem sempre vem a propósito do momento. No fundo, a escrita de Karen Chance é muito descritiva, peca por excesso na tentativa de contextualizar o leitor e beneficiaria de mais diálogos para aliviar a densidade da narrativa.

Apesar de tudo, um dos pontos fortes da autora é sem dúvida o seu humor negro e peculiar, patente em grande parte dos pensamentos e diálogos de Cassie. A própria estória tem bastante ação, o ritmo por vezes torna-se bastante intenso (quando não é quebrado por descrições inconvenientemente detalhadas) e a leitura desenvolve-se avidamente nalgumas partes. Para além disso, existe uma forte carga sensual que se vai desenvolvendo ao longo da estória e culmina em cenas bastante provocantes e bem conseguidas.

O desenlace final é estimulante e envolvente mas confesso que o poder de Cassie em viajar no tempo e alterar o futuro através do passado não me convenceu totalmente. São poucas as estórias que conseguem introduzir o conceito de viajar no tempo de forma adequada e não creio que esta seja uma delas. No final, tornou-se tudo muito confuso e a autora não foi capaz de esclarecer alguns pormenores de forma satisfatória.

Em geral, penso que esta é uma estória com grande potencial que merecia uma execução mais polida e não tão abrupta. Refrescante enquanto apreciadora do género sobrenatural mas pouco marcante enquanto leitora.
19:03 Publicada por Unknown 3

terça-feira, 29 de outubro de 2013

"Um Beijo em Havana" de Michelle Jackson [Opinião Literária]

Título: Um Beijo em Havana

Autora: Michelle Jackson

Editora: Quinta Essência

Sinopse:

E se umas férias mudassem a sua vida?

Emma, Louise e Sophie são irmãs. Talentosas, artísticas e criativas, têm muito em comum, especialmente no que diz respeito a homens. Quando Emma recebe do seu falecido marido pelo correio dois bilhetes para Cuba, fica mais do que surpreendida. Decide levar Sophie, sem perceber que o marido sempre tivera a intenção de a levar com ele. Enquanto as irmãs aproveitam o sol das Caraíbas, Louise reencontra Jack Duggan, o amor do seu passado, o que vai abalar o seu casamento com Donal. Enquanto isso, em Cuba, Emma conhece um sósia de Che Guevara, Felipe, e Sophie conhece Greg, um negociante de arte canadiano. Num cenário paradisíaco de amenas noites tropicais, música cubana e cocktails de rum, as irmãs não fazem ideia de onde um beijo em Havana as vai levar...

Opinião:

Este é um romance certamente pouco convencional, que se foca mais nos conceitos de adultério e traição do que propriamente numa verdadeira união. A paixão é explorada de uma forma intrincada, com múltiplos intervenientes que se enredam numa teia de relações e formas de amar complexas e por vezes disfuncionais.

As protagonistas – Emma, Louise e Sophie – são três irmãs muito diferentes mas cujas personalidades não são bem exploradas, nunca passam de meros estereótipos no papel. Não criei empatia com nenhuma, talvez pela essência de egoísmo partilhada, com especial destaque para Sophie, provavelmente a personagem mais egocêntrica, imatura e manipuladora de sempre. A disfuncionalidade deste núcleo familiar chega a ser desgastante, não há uma comunicação verdadeira e as atitudes de praticamente todas as personagens são frustrantes.

O enredo tem pouco de substância e deixou-me uma sensação de vazio enquanto leitora. A estória peca pelo excesso de dramatismo, pelos diálogos que soam a falso e pela resolução final dos conflitos: completamente irrealista, pouco aprofundada e demasiado apressada. A autora ignora o potencial da estória e a sua mensagem para nos trazer um final feliz demasiado “cor-de-rosa”, forçado e pouco credível.

A única mais-valia nesta obra é mesmo a descrição de Cuba: a sua beleza exótica, a sua cultura tão distinta da ocidental, o fosso que separa a riqueza dos turistas e a pobreza humilde do povo cubano. Este cenário idílico foi a escolha acertada para o desenvolvimento da trama principal, criando o ambiente ideal para o romance florescer.

Ainda assim, o meu veredicto final é algo negativo. Na minha opinião, esta não é uma estória de amor, é mais um relato amargo do egoísmo do ser humano, de relações fúteis e desconexas, sem grande relevância e que se arrasta por demasiadas páginas desnecessariamente.


23:36 Publicada por Unknown 0

terça-feira, 3 de setembro de 2013

"A Letra Encarnada" de Nathaniel Hawthorne [Opinião Literária]






Título: A Letra Encarnada
Autor: Nathaniel Hawthorne
Editora: Dom Quixote




15:42 Publicada por Unknown 0

sábado, 24 de agosto de 2013

"Anjo Caído" de Lauren Kate [Opinião Literária]

Título: Anjo Caído
Autora: Lauren Kate
Editora: Planeta
Coleção: Anjo Caído (nº1)

Sinopse:
Existe qualquer coisa de dolorosamente familiar em Daniel Grigori.
Misterioso e distante, prende a atenção de Luce Price logo que o vê no primeiro dia de aulas no internato Sword & Cross, em Savannah. É a única coisa boa num lugar onde os telemóveis são proibidos, os outros estudantes são tramados e as câmaras de segurança vigiam todos os movimentos.
Excepto uma coisa: Daniel não quer ter nada a ver com Luce e faz o possível para tornar isso muito claro. Mas ela não consegue desistir. Atraída para ele como uma borboleta para uma chama, Luce tem de descobrir o que Daniel, desesperado, tenta manter em segredo... mesmo que a mate.

Opinião:
Esta é mais uma típica estória sobre um amor impossível, com uma componente sobrenatural, que pelo menos esperava que trouxesse algo novo ao género ou que se destacasse por alguma particularidade. Infelizmente, isto não acontece: não é de modo algum inovador e nem sequer é um bom exemplar deste género literário. Ao contrário do que possa parecer, até aprecio uma boa estória de romance paranormal young-adult mas este foi uma amarga desilusão.
 Luce é uma protagonista fraca, uma jovem deprimida e confusa cujo único sentido na vida é conseguir a atenção de Daniel – um rapaz misterioso e aparentemente bipolar que num momento a despreza e humilha e noutro já corre para a salvar – e resistir aos encantos de Cam – o jovem popular, amistoso e extremamente sedutor que por qualquer motivo parece fascinado com Luce. Os protagonistas são ocos e se os tivesse de caracterizar psicologicamente provavelmente não conseguiria. A única tábua de salvação é encontrada no leque de personagens secundárias: Arriane, Penn e Gabbe, que conseguem cativar o leitor com as suas respetivas idiossincrasias.
O próprio cenário da estória até é interessante: um reformatório decrépito, repleto de jovens delinquentes cujos crimes e possível insanidade são um mistério para Luce. Este ambiente hostil é ideal para o início da estória na medida em que repugna e ao mesmo tempo intriga o leitor. Apreciei o facto da autora não se coibir de adicionar um lado mais sombrio à obra, através do cenário e do destino de alguns dos intervenientes principais da estória.
Contudo, a trama é demasiado aborrecida. Luce não faz mais nada para além de suspirar por Daniel, ir às aulas, evitar Cam, conversar com as personagens secundárias, ser perseguida por umas sombras de vez em quando e obcecar mais um bocado sobre Daniel. Mas o pior mesmo foi o desenlace final. Se é que lhe posso chamar isso, pois consistiu apenas num conjunto de acontecimentos confusos e apressados, em que a revelação de Daniel como anjo é simplesmente banal, sem impacto nenhum (provavelmente por causa do próprio título do livro). No fim, fiquei ainda com mais dúvidas sobre o significado desta estória toda. Exijo um mínimo de explicações para compreender a estória, não deveria ser obrigada a ler o segundo volume para perceber praticamente tudo o que acontece neste final, só porque pelos vistos a protagonista pode morrer se lhe derem demasiadas informações sobre o passado (sim, a sério, que conveniente). Se autora queria esticar a estória para fazer uma série, pelo menos fazia um primeiro volume completo e não um mero rascunho inacabado. Em suma, acabei por não entender grande parte da mitologia da estória e apenas vou ler o segundo volume porque já o tenho na estante e porque não gosto de me sentir ignorante.  
15:33 Publicada por Unknown 10

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

"Compaixão" de Jodi Picoult [Opinião Literária]

Título: Compaixão
Autora: Jodi Picoult
Editora: Civilização Editora

Sinopse:
Se o amor da sua vida lhe pedisse ajuda para morrer, que faria? O comandante da polícia de uma pequena cidade de Massachusetts, Cameron McDonald, faz a detenção mais difícil da sua vida quando o seu primo Jamie lhe confessa ter matado a mulher, que sofria de uma doença terminal, por compaixão. Agora, um intenso julgamento por homicídio coloca a cidade em alvoroço e vem perturbar um casamento estável: Cameron, colaborando na acusação contra Jamie, vê-se, de repente, em confronto com a sua mulher, Allie – fascinada pela ideia de um homem amar tanto a mulher a ponto de lhe conceder todos os desejos, até mesmo o de acabar com a vida dela. E quando uma atracção inexplicável leva a uma traição chocante, Allie vê-se confrontada com as questões sentimentais mais difíceis: quando é que o amor ultrapassa os limites da obrigação moral? E o que é que significa amar verdadeiramente alguém?

Opinião:
A premissa desta obra é fascinante. Como qualquer estória criada por Jodi Picoult, a temática abordada é atual, pujante e polémico. A eutanásia é provavelmente uma das grandes questões da sociedade moderna, em que o prolongamento da vida através dos avanços na medicina não se traduz necessariamente num aumento da qualidade de vida. Como futura profissional de saúde, não é eticamente correto colocar esta questão. Como ser humano, é impossível não me questionar acerca do sofrimento dos doentes terminais, do desespero que leva alguém a considerar a morte como um alívio. Mas seriamos capaz de tomar esta decisão por alguém que amamos? Claramente um tópico difícil, para o qual a autora demonstra diversas perspetivas, sem nunca emitir um juízo final, instigando uma reflexão profunda acerca dos limites do amor e do valor da dignidade humana.
Este assunto é retratado pela visão de Jamie, um homem perdidamente apaixonado pela esposa em estado terminal, que cede ao seu desejo e acaba com o seu sofrimento. A caracterização desta personagem é cativante, sendo apresentado como um homem devastado pela dor perante a morte da mulher. Inicialmente acreditando que tomou a melhor decisão, Jamie percorrerá um percurso intenso na sua mente para finalmente aceitar que talvez o amor não justifique tudo. Ainda que discordemos com a perspetiva de Jamie, as questões levantadas ao longo da estória levarão o leitor a refletir sobre os seus próprios valores e convicções. Porém, estranhamente, nunca obtemos a perspetiva de Maggie. Penso que teria sido uma abordagem mais completa se tivesse incluído o ponto de vista da doente terminal.
Infelizmente, esta temática promissora é desperdiçada num enredo secundário (e que, no final, acaba por dominar toda a narrativa) sobre um casamento que vai ser posto à prova pela sombra do adultério. Esta até poderia ter sido uma visão interessante, honesta e crua das dificuldades inerentes a um casamento, se as personagens não fossem tão absurdamente detestáveis! Cam é provavelmente o pior pesadelo de qualquer esposa: mentiroso, condescendente, egoísta. Mesmo antes de começar o seu caso extramarital com Mia, já sentia pena de Allie pelo simples facto de ter que o aturar. Além disso, a maneira como a relação entre Cam e Mia começa é simplesmente estranha e pouco credível. Embora a autora tente incluir alguns momentos redentores para Cam, não consegui de maneira nenhuma apreciar nem um bocadinho desta personagem.
E quanto a Allie? Basicamente passei o livro todo à espera que esta mulher deixasse de ser tão ingénua, tão passiva, tão solícita a cumprir os desejos do marido. Quando finalmente descobre a sua traição sofre uma transformação drástica e finalmente pensei que veria uma mulher forte, independente, renascida do sofrimento que o casamento lhe impôs. Contudo, esta mudança dura praticamente dois dias e volta tudo ao início. Foi uma desilusão completa.
Talvez a intenção da autora fosse estabelecer um paralelismo entre a relação de Jaime e Maggie, tão perfeita mas que culmina em desgraça, e o casamento de Allie e Cam que, apesar das dificuldades enfrentadas, mantém-se intacto. No entanto, foi simplesmente frustrante observar certas personagens com atitudes horrendas a safarem-se facilmente e sem grandes consequências. Se Jodi Picoult tencionava gerar alguma simpatia no leitor falhou redondamente.
A sua escrita, porém, mantém-se dinâmica, acessível e fluída, com a exceção dos inúmeros flashbacks relacionados com a Escócia sem grande relevância e que parecem inseridos no meio dos capítulos apenas para encher as páginas.
No fundo, a autora tentou construir duas estórias demasiado complexas para serem trabalhadas em simultâneo, acabando por diluir o impacto da temática inicial – a eutanásia – em virtude de um drama sem grande interesse. Uma prestação fraca de uma autora que já comprovou ser bem melhor.
13:12 Publicada por Unknown 13

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

"Deusa do Mar" / "Renascida" de P.C. Cast [Opinião Literária]


Título: Deusa do Mar / Renascida
Autora: P.C. Cast
Editora: Edições Asa
Coleção: Série das Deusas (nº1)

Sinopse:
Christine Canady, CC, é sargento da Força Aérea e no dia do seu 25º aniversário, já depois de uns quantos copos de champanhe a mais, faz uma dança em cima do balcão do bar pedindo à deusa da terra um pouco mais de magia na sua vida.
No dia seguinte, o seu voo com destino ao médio oriente, num C-130, termina num desastre com o avião a despenhar-se no Oceano. Quando pensava que o seu destino estava traçado e a sua morte era certa, ela apercebe-se de que está a respirar debaixo de água e se encontra perante a mais bela sereia que poderia imaginar.
Concedendo à sereia o desejo de ser humana, elas trocam de consciência e em breve CC vê-se imersa nas intrigas da corte das sereias, e com dificuldade em resistir aos encantos do pretendente real.
Mas, o desejo de voltar a terra vai fazer com que CC se cruze com o cavaleiro dos seus sonhos, vendo-se envolvida num arrebatador triângulo amoroso.

Opinião:
Esta é uma recriação abstrata da estória da Pequena Sereia, abordando uma jovem mulher, sargento na Força Aérea, que durante um desastre aéreo troca de corpo com a filha de Poseidon e assume uma nova identidade como sereia. Um conceito interessante, uma nova visão de um conto marinho que prometia romance, intriga e humor mas que não atingiu o seu potencial.
Relativamente à narrativa marítima, as descrições constituem a melhor parte do livro! O leitor é levado numa jornada visualmente intensa, com belíssimas descrições do mundo marinho, constituindo o cenário ideal para a temática que a autora se propôs a explorar. A própria mitologia dos deuses e das sereias é interessante e apelativa.
Contudo, a autora rapidamente perde o rumo à estória, não aproveitando os melhores atributos do próprio ambiente exótico que criou. Na verdade, um livro que se deveria focar no mar e na vida de uma sereia torna-se numa fraca tentativa de reflexão sobre a religião e a visão da mulher como fonte do pecado. As cenas no mosteiro foram despropositadas, sem grande interesse e monótonas. O único alívio era quando a protagonista regressava ao mar, aí residia a verdadeira magia da estória!
Com uma escrita acessível e fluída mas com personagens tão simples e unidimensionais e uma narrativa que perde o ritmo e interesse na grande maioria dos capítulos – com a notória exceção dos episódios no mar –, este livro só pode ser classificado como uma amarga desilusão. Uma obra com tanto potencial que merecia uma execução bem melhor!
15:59 Publicada por Unknown 4

domingo, 30 de junho de 2013

"Vasto Mar de Sargaços" de Jean Rhys [Opinião Literária]

Título: Vasto Mar de Sargaços
Autora: Jean Rhys
Editora: Bertrand Editora

Sinopse:
Antoinette Cosway é uma herdeira crioula nascida numa sociedade colonialista e opressiva. Conhece um jovem inglês que logo se deixa fascinar pela sua sensualidade e beleza, mas depois do casamento começam a circular estranhos rumores, que o envenenam contra ela. Apanhada entre as exigências dele e a sua própria sensação de precária pertença, Antoinette é levada à loucura. Inspirado pelo livro Jane Eyre, de Charlotte Brontë, tem como cenário a paisagem exótica da Jamaica dos anos 30.

Opinião:
Apesar de não ter lido a obra que lhe serviu de inspiração – Jane Eyre –, encontrava-me francamente entusiasmada pela premissa desta estória. Estava pronta para desvendar a cultura crioula, através de cenários exóticos, tendo como pano de fundo a Jamaica nos anos 30. Contudo, acabei esta leitura com um sentimento de desilusão perante aquilo que poderia ter sido uma grande obra.
Não posso, contudo, renegar-lhe o mérito pelas descrições fabulosas destas paisagens tropicais, descrevendo simultaneamente a sua beleza contagiosa e a humidade opressiva de uma sociedade repleta de injustiças que potenciam a descida à loucura da protagonista Antoinette.
No entanto, o enredo é a maior falha. Esperava um maior foco nas temáticas da segregação racial, da escravatura e da colonização, e não nas divagações confusas de personagens mal caracterizadas. As suas motivações são difíceis de compreender, assim como as suas ações. A loucura de Antoinette pareceu-me forçada, pouco credível e, para ser honesta, desinteressante. Talvez a linguagem demasiado lírica tenha sido um entrave à minha compreensão desta obra, mas muitas vezes pareciam-me apenas frases soltas, sem grande nexo, conjugadas numa tentativa de adicionar algum exotismo à obra.
No fundo, senti que as minhas expectativas foram defraudadas e que esta estória tinha o potencial para algo mais do que aquilo que proporciona aos seus leitores.
13:00 Publicada por Unknown 0

segunda-feira, 24 de junho de 2013

"A Trama da Estrela" de Vasco Ricardo [Opinião Literária]

Título: A Trama da Estrela
Autor: Vasco Ricardo
Editora: Pastelaria Studios

Sinopse:
Enquanto uma negra conspiração se vai expandindo por algumas cidades europeias, três adolescentes divertem-se, navegando pela Internet, tentando decifrar mistérios e crimes até então irresolúveis.
Dana, Mark e Rohan são provenientes de nações distintas mas os seus interesses e suas motivações convergem. À medida que uma onda de crimes vai assolando o território do velho continente, os jovens vão interagindo através das comuns salas de chat, falando sobre um infindável número de temas.
O percurso das suas vidas toma, porém, um rumo diferente, acompanhado de estranhos acontecimentos que podem mudar os seus destinos. Paralelamente, uma sociedade secreta, cujos elementos parecem tão competentes quanto obstinados, move-se de forma obscura e sanguinária, onde todos os seus passos são criteriosamente preparados, na tentativa de alcançar um marco até então inatingível.

Opinião:
Vasco Ricardo tece nesta obra um policial marcadamente juvenil, um thriller dinâmico que acompanha os crimes cometidos por uma organização com um objetivo secreto. Para desvendar esta operação e impedir a perda de mais vidas, três jovens unem-se numa sala de chat e discutem possíveis motivações por detrás de toda esta trama.
Ao longo da narrativa, o leitor é levado numa viagem pela Europa, descobrindo inúmeras curiosidades acerca de alguns pontos de referência europeus bastante conhecidos. O autor cria um ambiente propício à aprendizagem para o leitor, proporcionando pequenos detalhes sem se tornar demasiado descritivo. Denota-se, portanto, o esforço e dedicação do autor em desenvolver cenários diversos e bem explorados, através de uma pesquisa meticulosa.
O enredo é engenhoso e apelativo, com momentos peculiarmente macabros para o teor juvenil da obra. No entanto, foram as descrições brutais dos crimes perpetrados que estabeleceram a força motriz para progredir com esta leitura. Na verdade, a meio do livro já havia descoberto os contornos gerais da estória, o que me desapontou grandemente e retirou algum prazer à leitura. Apreciei a lógica por detrás de todos os acontecimentos e a forma como pequenos eventos se entrelaçaram para criar uma teia de motivações e identidades ocultas, mas a estória peca pela excessiva previsibilidade.
As personagens foram sem dúvida o maior entrave à minha apreciação desta obra. A começar pela identificação excessivamente infantil dos membros da organização terrorista, em detrimento de um ambiente mais formal que teria sido muito mais apropriado para uma demanda militar. Em segundo lugar, a própria caracterização é superficial, estabelecendo as personagens como meros veículos para atitudes ambíguas e ocas. Não consegui estabelecer uma ligação de empatia com qualquer um dos protagonistas, simplesmente porque não entendi verdadeiramente as suas motivações, a sua essência. Os diálogos entre os três jovens oscilavam entre conversas realistas para a faixa etária e expressões algo forçadas e contrastantes com a imagem que possuo da adolescência. Os capítulos que relatam as conversas no chat, tornaram-se, rapidamente, repetitivos, desinteressantes e maçadores, servindo apenas para mascarar a descoberta da ligação entre os crimes e a lógica por detrás da trama.
O próprio final carece de credibilidade: num momento de elevada tensão, onde as emoções deveriam estar ao rubro, as personagens reagem com demasiada leveza. No fundo, deveria haver mais tragédia, mais emotividade e menos resoluções fáceis. Esta inverosimilhança foi um final amargo para uma estória com potencial.
Ainda assim, devo destacar a escrita acessível e o ritmo fluído, sem grandes entraves ao decorrer da ação. Gostaria apenas de ter estabelecido uma conexão mais profunda com as personagens, mas a verdade é que, a certo ponto na estória, deixei de me importar com o seu rumo. No geral, um enredo interessante que, na minha opinião, poderia ter sido desenvolvido de forma mais eficaz.
22:38 Publicada por Unknown 5

quinta-feira, 13 de junho de 2013

"Quem Ama Acredita" de Nicholas Sparks [Opinião Literária]

Título: Quem Ama Acredita
Autor: Nicholas Sparks
Editora: Editorial Presença
Coleção: Grandes Narrativas (nº287)

Sinopse:
Jeremy Marsh vive em Nova Iorque, é um jornalista científico que trabalha para a Scientific American. O seu talento especial para desmistificar fenómenos paranormais fraudulentos faz dele uma personalidade pública e conceituada. O cepticismo é, naturalmente, uma das suas características. Agora, aí vai ele a caminho da Carolina do Norte, aonde alguém o chamou, da pequena localidade de Boone Creek, para esclarecer um fenómeno de luzes misteriosas que à noite têm sido vistas sobre um velho cemitério meio arruinado. Jeremy está convencido que lhe bastará apenas uma semana para desvendar o caso. Porém não espera que irá encantar-se com aquela pequena comunidade que o recebe calorosamente nem sobretudo com uma bela e enigmática bibliotecária. Ela disponibiliza-lhe gentilmente um gabinete onde ele pode pesquisar documentos antigos. A aproximação é inevitável, mas ambos sofreram amargas desilusões no passado. Jeremy, que passou por um divórcio, e Lexie, que se envolveu em dois casos amorosos que a deixaram profundamente magoada, vão ter de se confrontar com escolhas arriscadas se quiserem ficar juntos. Lexie está fortemente enraizada na sua comunidade e, além disso, não quer abandonar Doris, a avó que a criou e por quem nutre um imenso carinho. Estará Jeremy disposto a deixar Nova Iorque para ficar com a sua amada? Será ele ainda capaz de acreditar num grande amor?

Opinião:
Nicholas Sparks aposta mais uma vez no seu género de eleição: o romance. No entanto, cai no erro de apostar na sua fórmula habitual, levando-a à exaustão. A narrativa é demasiado previsível, sem o habitual cunho pessoal que o autor introduz nas suas estórias.
As próprias personagens são algo ocas e unidimensionais. Os protagonistas sofreram desilusões e amarguras no passado, mas rapidamente se atiram de cabeça para uma relação que tem tudo para correr mal para ambos. Mais ainda, o autor opta pelo típico final feliz, o que apenas reforçou a minha ideia de que esta estória não traz nada de especial.
A explicação final sobre a origem do fenómeno supostamente sobrenatural que fascina toda esta vila – o grande mistério da obra – é mediana e sem grande interesse, deixando-me francamente desiludida.
Em contrapartida, gostei do retrato de uma comunidade unida, com fortes raízes no passado, constituída por indivíduos caricatos. Na verdade, gostaria que as personagens secundárias que compõem esta vila, como Doris, Rodney e Rachel, tivessem sido mais exploradas.
No fundo, é uma leitura confortável, mas careceu a componente emotiva que me teria feito apaixonar pela estória, pelas personagens, pelo ambiente. Aliás, esteve longe de me conseguir arrebatar e surpreender verdadeiramente. Não é certamente um bom exemplo da qualidade normalmente associada a este autor. 
23:11 Publicada por Unknown 18

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

"Quando menos esperamos..." de Sarah Dunn [Opinião Literária]

Título: Quando menos esperamos…
Autora: Sarah Dunn
Editora: Editorial Presença
Coleção: Grandes Narrativas (nº473)

Sinopse:
Holly Frick é uma escritora nova-iorquina de trinta e cinco anos, inteligente e divertida, que se vê confrontada com a separação do marido, Alex, por quem ainda está apaixonada. No seu círculo de amigos todos parecem capazes de retirar algum prazer da situação de vida em que se encontram, e Holly decide fazer o mesmo. Compra um cão e envolve-se com um rapaz bastante mais novo. O quotidiano de Holly e dos seus amigos, as amizades, os casos amorosos e as aventuras sexuais, a busca incessante da felicidade e do amor formam um complexo padrão afectivo e emocional que é aqui retratado com profundidade, subtileza e muito humor.

Opinião:
Esta é uma leitura leve, despretensiosa, mas que considerei demasiado pobre em conteúdo para me cativar. Mostra-nos um conjunto de indivíduos, cada um com um complexo diferente, desde medo de compromissos, a infidelidades consecutivas, passando por neuroses, isolamento e vidas desperdiçadas. Ao fim de alguns capítulos, todo este disfuncionalismo acaba por ser repetitivo e maçador.
Apesar de perceber a intenção da autora em criar personagens realistas e caracterizar a sociedade atual norte-americana, penso que todas as personagens são demasiado egocêntricas, fúteis, insensíveis na maior parte dos casos. Mesmo a personagem principal é frustrante, cheia de moralismos quando ela própria não vive propriamente uma vida idílica. Isto só contribuiu para o meu desprendimento da estória, pois confesso que no final já não estava grandemente interessada no seu desfecho.
A escrita da autora é simples, direta, com bastante humor (o ponto forte deste livro). No fundo, é uma estória que não leva a grandes introspeções, com um final previsível e algo enfadonho.
00:08 Publicada por Unknown 0