"Um Beijo em Havana" de Michelle Jackson [Opinião Literária]
Título: Um Beijo em
Havana
Autora: Michelle Jackson
Editora: Quinta Essência
Sinopse:
E se umas férias mudassem a sua vida?
Emma, Louise e Sophie são irmãs. Talentosas, artísticas e criativas, têm
muito em comum, especialmente no que diz respeito a homens. Quando Emma recebe
do seu falecido marido pelo correio dois bilhetes para Cuba, fica mais do que
surpreendida. Decide levar Sophie, sem perceber que o marido sempre tivera a
intenção de a levar com ele. Enquanto as irmãs aproveitam o sol das Caraíbas,
Louise reencontra Jack Duggan, o amor do seu passado, o que vai abalar o seu
casamento com Donal. Enquanto isso, em Cuba, Emma conhece um sósia de Che
Guevara, Felipe, e Sophie conhece Greg, um negociante de arte canadiano. Num
cenário paradisíaco de amenas noites tropicais, música cubana e cocktails de
rum, as irmãs não fazem ideia de onde um beijo em Havana as vai levar...
Opinião:
Este é um romance certamente pouco convencional, que se foca mais nos
conceitos de adultério e traição do que propriamente numa verdadeira união. A
paixão é explorada de uma forma intrincada, com múltiplos intervenientes que se
enredam numa teia de relações e formas de amar complexas e por vezes
disfuncionais.
As protagonistas – Emma, Louise e Sophie – são três irmãs muito
diferentes mas cujas personalidades não são bem exploradas, nunca passam de meros
estereótipos no papel. Não criei empatia com nenhuma, talvez pela essência de
egoísmo partilhada, com especial destaque para Sophie, provavelmente a
personagem mais egocêntrica, imatura e manipuladora de sempre. A disfuncionalidade
deste núcleo familiar chega a ser desgastante, não há uma comunicação
verdadeira e as atitudes de praticamente todas as personagens são frustrantes.
O enredo tem pouco de substância e deixou-me uma sensação de vazio
enquanto leitora. A estória peca pelo excesso de dramatismo, pelos diálogos que
soam a falso e pela resolução final dos conflitos: completamente irrealista, pouco
aprofundada e demasiado apressada. A autora ignora o potencial da estória e a sua
mensagem para nos trazer um final feliz demasiado “cor-de-rosa”, forçado e
pouco credível.
A única mais-valia nesta obra é mesmo a descrição de Cuba: a sua beleza
exótica, a sua cultura tão distinta da ocidental, o fosso que separa a riqueza
dos turistas e a pobreza humilde do povo cubano. Este cenário idílico foi a
escolha acertada para o desenvolvimento da trama principal, criando o ambiente
ideal para o romance florescer.
Ainda assim, o meu veredicto final é algo negativo. Na minha opinião,
esta não é uma estória de amor, é mais um relato amargo do egoísmo do ser
humano, de relações fúteis e desconexas, sem grande relevância e que se arrasta
por demasiadas páginas desnecessariamente.
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