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sábado, 23 de novembro de 2013

"O Despertar das Trevas" de Karen Chance [Opinião Literária]

Título: O Despertar das Trevas

Autora: Karen Chance

Editora: Gailivro

Coleção: Série Cassandra Palmer (nº1)

Sinopse:

Cas­san­dra Pal­mer con­se­gue ver o futuro e comu­ni­car com espí­ri­tos, dons que a tor­nam atra­ente para os mor­tos e mortos-​vivos. Os fan­tas­mas dos mor­tos não cos­tu­mam ser peri­go­sos, ape­nas gos­tam de con­ver­sar… e muito. O mortos-​vivos já são outra con­versa.

Como qual­quer rapa­riga sen­sata, Cas­sie tenta evi­tar os vam­pi­ros. Mas, quando o mafi­oso suga­dor de san­gue a quem fugira há três anos a reen­con­tra com intui­tos de vin­gança, Cas­sie é obri­gada a recor­rer ao Senado dos vam­pi­ros em busca de pro­tec­ção.

Os sena­do­res dos mortos-​vivos não irão ajudá-​la sem con­tra­par­ti­das. Cas­sie terá de cola­bo­rar com um dos seus mem­bros mais pode­ro­sos, um vam­piro mes­tre peri­go­sa­mente sedu­tor. E o preço que ele exige poderá ser supe­rior ao que Cas­sie está dis­posta a pagar…

Opinião:

Partindo de uma premissa que me parecia já bastante gasta – afinal, os vampiros são as criaturas que mais abundam no género fantástico –, confesso que não tinha expectativas muito altas para esta leitura. No entanto, tenho de dar o braço a torcer e admitir que Karen Chance conseguiu trazer algo suficientemente original, incluindo uma série de seres mitológicos e criando um sistema hierárquico muito interessante.   

A protagonista, Cassie, é uma verdadeira heroína e uma jovem que anseia pela independência acima de tudo (um grande ponto a favor!) e as restantes personagens são cativantes e inusitadas (um destaque especial para o seu espírito da guarda, Billy Joe, cuja dinâmica com Cassie é imperdível). Um aspeto curioso relativamente às personagens secundárias é a introdução de figuras históricas na narrativa. Desde Cleópatra a Drácula e os seus irmãos, passando por Rasputin, Kit Marlowe, Jack o Estripador, a autora utiliza estas e muitas outras figuras da História como intervenientes na estória. Porém, embora inicialmente tenha apreciado este facto, a meio do livro chegou um momento em que estas referências se tornaram num exagero.

Contudo, o verdadeiro problema nesta obra é a carrada de informação que Karen Chance despeja no leitor sem grande contexto ou fluidez. Os info-dumps neste livro são constantes e tornam a estória desconexa e muito maçuda. A própria mitologia é bastante complexa e é impossível entrar no ritmo de uma estória quando somos bombardeados com inúmeras informações sobre os mais diversos assuntos a todos os instantes. Não estou a exagerar, a autora é capaz de interromper a descrição de uma luta para explicar todos os pequenos detalhes da história de vida de uma personagem, ou da origem de um determinado poder, ou qualquer coisa que lhe surja e que nem sempre vem a propósito do momento. No fundo, a escrita de Karen Chance é muito descritiva, peca por excesso na tentativa de contextualizar o leitor e beneficiaria de mais diálogos para aliviar a densidade da narrativa.

Apesar de tudo, um dos pontos fortes da autora é sem dúvida o seu humor negro e peculiar, patente em grande parte dos pensamentos e diálogos de Cassie. A própria estória tem bastante ação, o ritmo por vezes torna-se bastante intenso (quando não é quebrado por descrições inconvenientemente detalhadas) e a leitura desenvolve-se avidamente nalgumas partes. Para além disso, existe uma forte carga sensual que se vai desenvolvendo ao longo da estória e culmina em cenas bastante provocantes e bem conseguidas.

O desenlace final é estimulante e envolvente mas confesso que o poder de Cassie em viajar no tempo e alterar o futuro através do passado não me convenceu totalmente. São poucas as estórias que conseguem introduzir o conceito de viajar no tempo de forma adequada e não creio que esta seja uma delas. No final, tornou-se tudo muito confuso e a autora não foi capaz de esclarecer alguns pormenores de forma satisfatória.

Em geral, penso que esta é uma estória com grande potencial que merecia uma execução mais polida e não tão abrupta. Refrescante enquanto apreciadora do género sobrenatural mas pouco marcante enquanto leitora.

3 comentários: