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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

"Sob o Céu de Paris" de Elisabete Caldeira & Jorge Campião [Opinião Literária]


Título: Sob o Céu de Paris
Autores: Elisabete Caldeira & Jorge Campião
Editora: Alfarroba

Sinopse:
Raquel é uma mulher que nunca tomou o destino da sua vida nas próprias mãos, e tem consciência disso. Carlos é um pintor cujo reconhecimento artístico poderia ser maior se alguma vez tivesse sido metódico, mas não o sabe.
Raquel vai organizar a exposição de pintura de Carlos em Paris, no Centro George Pompidou. Mas não vai apenas ordenar a exposição de Carlos, vai estruturar a sua obra, o seu talento, ao mesmo tempo que terá de recompor a sua própria vida pessoal.
Pelos cafés, restaurantes e ruas de Paris por onde passam, Raquel ressuscitará um Picasso - cuja crueldade corporiza bem os seus medos - e uma Dora Maar - a talentosa, enigmática e inspiradora do genial artista -, que lhe serve de alter-ego, mas cujo destino não quer imitar.

Opinião:
A premissa deste livro é bastante apelativa e original: um encontro de amantes em Paris, em paralelo com a analogia da relação tempestuosa entre Picasso e Dora Maar. Contudo, esta potencialidade acaba por se diluir numa narrativa extensiva. Não propriamente por falta de romance – esse há em abundância, mesmo em exagero por vezes –, mas mais pela falta de uma estória central. A suposta analogia de Picasso e Dora Maar aparece esporadicamente e sem fazer grande sentido, apenas como um débito excessivo de informação.
As personagens são pouco realistas e não é fácil para o leitor se identificar quer com Carlos, quer com Raquel. Gostei dos momentos de intimidade entre os dois, mas após alguns capítulos a sua relação acabou por se tornar algo vazia. Depois de cerca de metade do livro, acabei por achar as estórias paralelas de outras personagens, como Pascal ou Acácio, bem mais interessantes.
O aspeto que me motivou a continuar esta leitura foi sem dúvida a escrita irrepreensível e fluída, que demonstra o talento dos autores. Contudo, isto somente não basta. No fundo, faltou uma estória cativante o suficiente para me fazer ansiar pelo avançar das páginas.

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