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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

"Um Deus Passeando Pela Brisa da Tarde" de Mário de Carvalho [Opinião Literária]


Título: Um Deus Passeando Pela Brisa da Tarde

Autor: Mário de Carvalho

Editora: Caminho

Sinopse:

Lusitânia, séc. III d.C. Neste romance, talvez o mais importante de Mário de Carvalho, tudo se passa numa cidade da Lusitânea, Tarcisis, no momento em que Império Romano começa a soçobrar, devastado por factores internos e externos, as invasões bárbaras e a cristianização. E é num ambiente de decadência que todo o romance se desenrola. Apanhado na vertigem dos acontecimentos e rodeado de sinais que escapam ao seu entendimento, Lúcio Valério, o magistrado supremo é espoliado e perde todo o seu poder. Mário de Carvalho avisa-nos, no começo do romance: "...Tarcisis nunca existiu...", no entanto, devemos estar atentos, sobretudo os detentores do poder, aos sinais dos tempos, para percebermos o que nos acontece.

Opinião:

Este é o relato de Lúcio Varélio, exilado da sua cidade, Tarcisis, após ter exercido o cargo de duúnviro (governador) do município. A narrativa, descrita na primeira pessoa, aborda os acontecimentos que potenciaram o seu exílio.

Lúcio é uma personagem complexa, um homem íntegro, culto e justo que não se identifica com alguns atos bárbaros típicos da cultura romana. Contudo, estes aspetos desagradam o seu povo, o que torna o seu governo árduo e extenuante. Pois esta é uma verdade muito atual: um governante que não satisfaz as exigências do povo e dos restantes políticos é simplesmente posto de lado.

Porém, este não é o seu único problema. Lúcio, apesar da sua fibra moral, acaba por se sentir atraído pela líder de uma seita cristã, Iúnia Cantaber. Obviamente, tal facto apenas complicará o seu mandato e proporcionará reviravoltas nas vidas de todos os que o rodeiam.

Por conseguinte, o enredo é cativante e é muito interessante a forma como o autor retrata a época romana. Apesar de não ser uma leitura fácil, na medida em que Mário de Carvalho utiliza uma escrita e linguagem por vezes exaustiva, o leitor acaba por permanecer preso à estória que se desenrola.

É um excelente livro para quem aprecia o género histórico e reflexões filosóficas e políticas que, apesar de situadas na época romana, refletem a sociedade moderna.


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