"Morte no Teatro La Fenice" de Donna Leon [Opinião Literária]
Título: Morte no Teatro La Fenice
Autor: Donna Leon
Editora: Planeta
Coleção: Série Comissario
Brunetti (nº1)
Sinopse:
Brunetti,
funcionário exemplar da polícia de Veneza, tem um instinto infalível, agilidade
na acção e gentileza no trato com vivos e mortos, características que o tornam
um concorrente à altura das grandes personagens no género.
Neste livro, Brunetti investiga o caso do
reputado maestro Wellauer, encontrado morto no seu camarim no Teatro La Fenice,
após dirigir o primeiro acto da ópera La Traviata, de Verdi. O comissário vê-se
imediatamente confrontado com um problema que o faz pensar e com um vasto leque
de suspeitos: a prima donna Flávia Petrelli, que é uma rapariga mimada e
egoísta; o director que estava furioso com a recusa do maestro em actuar num
teatro muito conceituado; uma jovem esposa; uma soprano extraordinária e
mentirosa e um director de teatro homossexual que tivera uma discussão com o
maestro pouco antes do crime. Perplexo, Guido Brunetti interroga-se sobre quem
calou para sempre o mais eloquente maestro do Ocidente.
Opinião:
Donna Leon
agrupa nesta obra os elementos essenciais de um bom policial: um enredo
misterioso e empolgante, uma personagem principal extremamente carismática e
descrições detalhadas de uma cidade impressionante.
Esta estória
tem como pano de fundo a belíssima cidade de Veneza, retratada pela autora de
uma forma realista mas mantendo o misticismo habitualmente associado a este local.
As descrições são detalhadas mas não massudas, ajudam o leitor a visualizar e a
embrenhar-se na narrativa.
A personagem
principal é uma das mais invulgares que já conheci num policial: Guido Brunetti
tem uma vida ideal, um casamento sólido e uma família feliz. No fundo, é uma
personagem sem problemas pessoais que interfiram com o seu trabalho! E esta é
uma brisa de ar fresco, um conceito inovador mas que funciona muito bem.
Brunetti é sensato e capaz de levar testemunhas e suspeitos a divulgar
informações importantes numa simples conversa informal. E é este tom divertido
e humorístico que torna esta obra diferente de tantas outras do mesmo género.
Não posso
afirmar que a identidade do assassino me tenha surpreendido, mas o raciocínio de
Brunetti e o desenlace final são arrebatadores. Este não é um livro de
procedimentos laboratoriais ou técnicas forenses revolucionárias, mas sim um
jogo de mentes entre o detetive e o assassino. É um policial que não precisa de
sangue ou mortes macabras para agradar facilmente ao leitor.
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