"A Filha da Floresta" de Juliet Marillier [Opinião Literária]
Autora: Juliet
Marillier
Editora: Bertrand Editora
Coleção: Sevenwaters
(nº1)
Sinopse:
A Filha da
Floresta é uma história do tempo em que a Irlanda e a Bretanha ainda não eram
"uma só ilha", do tempo em que a honra era a razão de viver de muitos
homens e também do tempo em que o amor entre irmãos vencia qualquer
contratempo, derrotando quem os tentasse separar.
Colum,
senhor de Sevenwaters, tinha sido abençoado com sete filhos: Liam, Diarmid, os
gémeos Cormack e Connor, o rebelde Finbar e o novo e compassivo Padriac. Mas
Sorcha, a sétima filha do sétimo filho, única mulher da família e muito nova
para ter podido conhecer a sua mãe, está destinada a proteger a sua família e a
defender as suas terras dos Bretões e do clã conhecido como Northwoods. Após a
chegada de Lady Oonagh, uma traidora que se infiltrou em Sevenwaters, bela como
o dia mas com o coração negro como a noite, tudo mudou. Para alcançar o seu
objectivo, enfeitiçou Lord Colum e transformou os seus seis filhos em cisnes,
tendo ficado unicamente Sorcha. Depois de escapar ao poder da feiticeira,
Sorcha refugiou-se na floresta, longe de casa para poder cumprir a sua tarefa e
salvar os seus irmãos. Mas é, entretanto, capturada pelo inimigo, ficando assim
todo o seu futuro nublado, uma vez que Sorcha irá estar dividida entre o mundo
que sempre tomou como seu e um amor que só aparece uma vez na vida.
A Filha da
Floresta é o primeiro livro de uma belíssima trilogia sobre sete irmãos, que
pertencem à mesma corrente do mesmo lago e ao profundo bater do coração da
floresta.
Opinião:
Inspirada no
mito celta, no qual o autor Hans Christian Andersen também baseou o seu conto “Os
Cisnes Selvagens”, Juliet Marillier cria uma belíssima trama, com uma
caraterização histórica notável, personagens admiráveis e uma infusão de magia
e romance, enaltecendo e dando nova vida à própria lenda.
A
protagonista, Sorcha, narra a sua estória, desde a sua alegre infância até ao
momento em que perde a sua inocência; desde a cruel maldição que lhe é imposta
até ao culminar de todos os sacrifícios para cumprir o seu derradeiro destino. Com
esta personagem o leitor será convidado a embrenhar-se numa aventura de
proporções épicas, em que Sorcha carregará um legado espiritual que colocará à
prova todos os seus ideais, a sua coragem e determinação. O seu carácter admirável
cativou-me, tornando-se numa presença marcante ao longo de toda a estória.
E tantas outras
personagens memoráveis me enfeitiçaram! A começar pelos seis irmãos – Liam,
Diarmid, Cormack, Conor, Finbar e Padriac –, completamente distintos uns dos
outros, com personalidades bem demarcadas, mas ligados por um laço de afinidade
inquebrável. A família é a temática base desta obra, explorada de uma forma
emotiva e enternecedora. A lealdade que os sete irmãos partilham é cruelmente testada,
mas o final apenas comprova que a família é o verdadeiro alicerce das nossas
vidas.
Apesar da
estória ter o seu início na perspetiva do lado irlandês da luta contra a
Bretanha pela sua terra sagrada, muitos são os Bretões que se atravessam na
jornada de Sorcha e que lhe ensinam a importância da amizade, da bondade, da fé
e do amor. Personagens como John, Ben, Margery, Simon e Red compõem esta
tapeçaria de personalidades inesquecíveis. Em particular, a componente
romântica neste livro é tão deliciosamente narrada, tão pejada de emoção e
cuidadosamente delineada para tocar no coração do leitor.
Contudo, até
os vilões se salientam: Lady Oonagh, uma feiticeira maléfica com um poder de
sedução e manipulação verdadeiramente arrepiante; e Lord Richard, com uma
mentalidade tão perversa que me fez duvidar várias vezes da sua humanidade. Só
espero que os próximos volumes tragam um final horrendo para estas personagens,
completamente apropriado face todo o mal que impingiram.
Por outro
lado, Juliet Marillier ensina que nem tudo é a preto e branco e que, inerente às
nossas ações, existe sempre uma justificação por detrás. A visão humana e
compassiva perante personagens como Lord Colum e Lady Anne são exemplos da
brilhante reflexão que a autora estabelece acerca do bem e do mal.
Outro aspeto
envolvente na narrativa foi a alusão ao misticismo, à cultura celta e às
tradições druidas. A própria introdução da natureza quase como uma personagem
concreta, através do papel ativo da floresta, do rio, do vento e dos animais na
narrativa, enriqueceu tremendamente esta obra.
No
entanto, esta não foi de todo uma leitura fácil. Garanto que será impossível
para o leitor ficar impávido perante os caminhos tortuosos que as personagens
são obrigadas a percorrer, repletos de sofrimento atroz. A imprevisibilidade da
sequência de acontecimentos que nos são apresentados é aliciante e potencia uma
leitura sôfrega, mas também me deixou com uma sensação de pesar e melancolia no
desenlace desta aventura trágica. Foi sem dúvida uma leitura angustiante, ainda
que soberbamente narrada, cujas cicatrizes emocionais não serão facilmente
esquecidas.
Fico muito contente que tenhas gostado :)
ResponderEliminarPrepara-te agora para o livro seguinte: sem sombra de dúvida, o melhor da trilogia! Todos o afirmam :)
Beijinho
Mal posso esperar :D
EliminarBeijinhos*
Esta trilogia é realmente fenomenal! É das minhas preferidas de sempre!
ResponderEliminarBeijinho*
É mesmo! *.* Não me acredito que ainda não a tinha lido antes!
EliminarBeijinhos*
Também só li este livro o mês passado! O que andei a perder! Estou a terminar o 3º da saga e como já foi dito, o 2º é o melhor! Mas no conjunto Adorei os 3!
ResponderEliminarTambém nem acredito no que andei a perder! Mal posso esperar por ler os restantes :)
EliminarQuando publicaste esta opinião, eu tinha começado a ler o livro e preferi não a ler enquanto não terminasse. Bem, terminei há pouco e partilho contigo a tua opinião.
ResponderEliminarNo meu caso, o início da leitura foi muito complicado. Achava aquilo parado, e se houve momentos em que me apetecia ler, houve outros em que lia meia dúzia de páginas e ficava cheia de ler aquilo. Até Sorcha começa a ter aquela grande missão. Inicialmente, pensei que ia ser seca porque ela, uma personagem tão activa na história iria ficar calada. Mas aconteceu o contrário, foi a partir daqui que me apaixonei verdadeiramente por esta história. Há certas coisas que poderiam ter sido reduzidas e outras que eu gostava de ver mais desenvolvidas. De todos os irmãos, o meu preferido é Finbar, adorei o espírito inquieto dele e tive imensa pena pelo final dele. Gostava de ter lido mais sobre esta personagem no final.
Tal como tu pretendo acabar a série.
Também adorava ter lido mais sobre Finbar <3 Espero que nos próximos volumes tenha mais destaque!
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