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terça-feira, 29 de outubro de 2013

"Um Beijo em Havana" de Michelle Jackson [Opinião Literária]

Título: Um Beijo em Havana

Autora: Michelle Jackson

Editora: Quinta Essência

Sinopse:

E se umas férias mudassem a sua vida?

Emma, Louise e Sophie são irmãs. Talentosas, artísticas e criativas, têm muito em comum, especialmente no que diz respeito a homens. Quando Emma recebe do seu falecido marido pelo correio dois bilhetes para Cuba, fica mais do que surpreendida. Decide levar Sophie, sem perceber que o marido sempre tivera a intenção de a levar com ele. Enquanto as irmãs aproveitam o sol das Caraíbas, Louise reencontra Jack Duggan, o amor do seu passado, o que vai abalar o seu casamento com Donal. Enquanto isso, em Cuba, Emma conhece um sósia de Che Guevara, Felipe, e Sophie conhece Greg, um negociante de arte canadiano. Num cenário paradisíaco de amenas noites tropicais, música cubana e cocktails de rum, as irmãs não fazem ideia de onde um beijo em Havana as vai levar...

Opinião:

Este é um romance certamente pouco convencional, que se foca mais nos conceitos de adultério e traição do que propriamente numa verdadeira união. A paixão é explorada de uma forma intrincada, com múltiplos intervenientes que se enredam numa teia de relações e formas de amar complexas e por vezes disfuncionais.

As protagonistas – Emma, Louise e Sophie – são três irmãs muito diferentes mas cujas personalidades não são bem exploradas, nunca passam de meros estereótipos no papel. Não criei empatia com nenhuma, talvez pela essência de egoísmo partilhada, com especial destaque para Sophie, provavelmente a personagem mais egocêntrica, imatura e manipuladora de sempre. A disfuncionalidade deste núcleo familiar chega a ser desgastante, não há uma comunicação verdadeira e as atitudes de praticamente todas as personagens são frustrantes.

O enredo tem pouco de substância e deixou-me uma sensação de vazio enquanto leitora. A estória peca pelo excesso de dramatismo, pelos diálogos que soam a falso e pela resolução final dos conflitos: completamente irrealista, pouco aprofundada e demasiado apressada. A autora ignora o potencial da estória e a sua mensagem para nos trazer um final feliz demasiado “cor-de-rosa”, forçado e pouco credível.

A única mais-valia nesta obra é mesmo a descrição de Cuba: a sua beleza exótica, a sua cultura tão distinta da ocidental, o fosso que separa a riqueza dos turistas e a pobreza humilde do povo cubano. Este cenário idílico foi a escolha acertada para o desenvolvimento da trama principal, criando o ambiente ideal para o romance florescer.

Ainda assim, o meu veredicto final é algo negativo. Na minha opinião, esta não é uma estória de amor, é mais um relato amargo do egoísmo do ser humano, de relações fúteis e desconexas, sem grande relevância e que se arrasta por demasiadas páginas desnecessariamente.


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