A Thousand Frames: "Criaturas Maravilhosas"
Título: Criaturas Maravilhosas
Género: Drama/Fantasia/Romance
Realizador: Richard LaGravenese
Estreia: 28
de Fevereiro de 2013
Elenco: Alden
Ehrenreich; Alice Englert; Jeremy Irons; Viola Davis; Emmy Rossum; Thomas Mann;
Emma Thompson
Adaptar uma
obra de fantasia não é fácil e esta saga não é certamente uma exceção. Com um ambiente
único e muito peculiar, já esperava que esta estória não fosse conservada na
totalidade. Contudo, o universo mágico que tanto me encantou no livro perde a
sua qualidade nesta adaptação, sem algumas das personagens, sem muitas
explicações e sem grande parte do seu estilo bem característico. Não é de todo
uma adaptação terrível, mas desperdiçou todo o seu potencial para brilhar
dentro do género.
Enredo:
Quem
escreveu o guião claramente não teve em conta grande parte do material de base
e não há maneira de contornar isto. Não havia necessidade de deturpar desta
forma a estória original e o enredo perdeu a sua coesão e verosimilidade por
causa disto.
Ao contrário
do que seria de supor num filme de fantasia, não me consegui embrenhar no seu
universo, e toda a atmosfera especial do livro é camuflada por um conjunto de
cenas pouco credíveis. O ritmo também poderia ter sido mais consistente, com
alguns momentos de tédio pelo meio que poderiam ter sido evitados.
No entanto, existe
uma grande vantagem neste filme: o seu sentido de humor. Praticamente todos os
diálogos fazem soltar uma gargalhada genuína. É um filme que não se leva
demasiado a sério, uma lufada de ar fresco para o género.
Cenários & Efeitos especiais:
Relativamente
aos efeitos especiais não tenho grandes queixas, cumpriram o seu propósito e
ainda me fizeram vibrar com alguns momentos, em particular os flashbacks da guerra civil e o confronto
entre Lena e Ridley durante o jantar.
Um especial
destaque para a banda sonora que me pareceu, em geral, bastante apropriada aos
momentos e que deu a vida a algumas cenas.
Elenco:
Os protagonistas, Alden Ehrenreich (Ethan) e Alice Englert (Lena) surpreenderam-me bastante pela positiva. A nível visual pareciam um pouco desajustados para os respetivos papéis mas as suas interpretações compensaram esse facto. Um especial destaque para Alden Ehrenreich que trouxe uma vulnerabilidade fascinante ao Ethan, algo que não esperava de todo.
Os veteranos
Jeremy Irons (Macon Ravenwood) e Emma Thompson (Mrs. Lincoln) são estrondosos,
como seria de esperar. Também Emmy Rossum (Ridley) e Thomas Mann (Link) levaram
a cabo umas excelentes interpretações.
A única
desilusão talvez tenha sido Viola Davis (Amma), pois senti que faltava algo do
verdadeiro espírito desta personagem. Amma é uma presença tão viva, com tanto
fulgor, sempre a repreender e educar o Ethan, enquanto no filme pareceu-me mais
apagada.
Porém, o
elenco de uma forma geral foi cativante e envolvente, com prestações eficazes.
Principais diferenças entre o filme e o
livro:
Sem dúvida
que o ponto mais irritante deste filme são as mudanças tão extremas que parece
que a estória nem sequer é a mesma. Confesso que houve alturas em que não
reconheci o enredo, o que destruiu a minha capacidade de me embrenhar
totalmente neste universo.
A começar
pelas personagens principais que, para além das diferenças no aspeto,
supostamente não deveriam ter a pronúncia acentuada do Sul dos EUA. Era um dos
aspetos que os destacava da população de Gatlin nos livros e durante a maior
parte do filme os sotaques foram um pouco irritantes e às vezes forçados. Também
a relação entre o Ethan e a Lena está substancialmente diferente no filme: sem
conversas telepáticas, sem choques quando se tocam, sem as obsessões peculiares
da Lena (queria tanto ter visto o seu colar cheio de recordações ou a sua mania
de escrever constantemente e em todo o lado a marcador)… Pareceu-me que substituíram
os momentos mais enternecedores do livro por cenas românticas mais vulgares.
Apesar de tudo, os protagonistas mantiveram uma certa química especial que
associo à relação nos livros, o que é sem dúvida um ponto a favor.
Outro aspeto
que me perturbou foi a falta de algumas personagens centrais na trama. O pai de
Ethan, por exemplo, deixou um grande vazio no filme. É uma personagem com uma
tremenda influência em Ethan e é apenas mencionado uma única vez! Qual é a
lógica de vermos o ambiente em casa de Ethan sem o seu pai?! É simplesmente estranho
e torna mais difícil para o público perceber o verdadeiro impacto da morte da
mãe de Ethan. Contudo, as ausências que mais me chocaram foram as tias de
Ethan, as velhinhas engraçadas e caricatas que dariam outra cor à estória. Em
falta está também Marian, a bibliotecária que funciona como enquadramento
teórico nos livros e que, segundo percebi, foi aglomerada à personagem de Amma.
Não me importei assim tanto com esta mudança mas já tendo lido o segundo volume
da saga confesso que será difícil explicar certas coisas mais à frente na
estória (mas pelos vistos não haverá um segundo filme
portanto…). E onde está o meu querido Boo Radley?
Pronto, este até concedo ao realizador que não era essencial mas queria tanto
tê-lo visto no filme…
As
personagens secundárias também sofreram algumas alterações substanciais,
principalmente Ridley, a prima de Lena ligada às Trevas. Em termos visuais
esperava algo muito diferente (onde está o chupa-chupa?),
apesar de ter gostado da interpretação badass
da atriz. No entanto, o final que lhe deram foi uma desilusão, pois no
livro é-lhe dado um momento de redenção e aqui simplesmente foge numa atitude
de cobardia. Quanto ao resto da família, até gostei das respetivas
caracterizações, com a exceção do Larkin, que digamos que não é tão bonzinho
quanto o filme dá a entender.
E a
derradeira desilusão do filme: o seu final. Ou melhor, uma das piores partes
nem sequer é o final, é a revelação da verdadeira identidade de uma das
personagens a meio do filme (que só acontece no final do livro, claro)! Mais
ainda, a mitologia é deturpada de tal maneira que as regras da magia são
diferentes e menos coerentes. O desenlace do livro é bem mais emotivo, mas
também mais lógico, com as consequências da escolha de Lena bem presentes,
levantando algumas questões morais e filosóficas. No filme, praticamente tudo no
desfecho é inventado, nada acontece da mesma maneira no livro e a única questão
que levanto é: porquê?
A verdade é
que adaptar esta obra não foi certamente uma tarefa fácil. Mas também não era
necessário corromper tanto o fio condutor da estória, pois comprometeu todo o
encanto que associava à estória original. O filme tem os seus momentos e os fãs
do género certamente irão gostar, mas como adaptação desilude bastante. Um
conselho: leiam o livro, é sem dúvida superior.
Balanço final: 5/10
Trailer:
Eu ainda não li o livro e gostei do filme. Gostei sobretudo da química entre o casal. Mesmo não sabendo o enredo do livro achei o final meio estranho:P
ResponderEliminarTalvez um dia leia o livro:) Beijos
A química entre o casal estava ótima :) Mas o final!!! Argh que horror, nada a ver com o livro --'
EliminarO livro é melhor, acredita ;)
Beijinhos*
O livro é mil vezes melhor! E tenho dito! xD
ResponderEliminarMil vezes Julie! xD
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