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terça-feira, 17 de setembro de 2013

A Thousand Frames: "Criaturas Maravilhosas"




Título: Criaturas Maravilhosas
Género: Drama/Fantasia/Romance
Realizador: Richard LaGravenese
Adaptado de: Criaturas Maravilhosas de Kami Garcia & Margaret Stohl
Estreia: 28 de Fevereiro de 2013
Elenco: Alden Ehrenreich; Alice Englert; Jeremy Irons; Viola Davis; Emmy Rossum; Thomas Mann; Emma Thompson 




Adaptar uma obra de fantasia não é fácil e esta saga não é certamente uma exceção. Com um ambiente único e muito peculiar, já esperava que esta estória não fosse conservada na totalidade. Contudo, o universo mágico que tanto me encantou no livro perde a sua qualidade nesta adaptação, sem algumas das personagens, sem muitas explicações e sem grande parte do seu estilo bem característico. Não é de todo uma adaptação terrível, mas desperdiçou todo o seu potencial para brilhar dentro do género. 

Enredo:
Quem escreveu o guião claramente não teve em conta grande parte do material de base e não há maneira de contornar isto. Não havia necessidade de deturpar desta forma a estória original e o enredo perdeu a sua coesão e verosimilidade por causa disto.
Ao contrário do que seria de supor num filme de fantasia, não me consegui embrenhar no seu universo, e toda a atmosfera especial do livro é camuflada por um conjunto de cenas pouco credíveis. O ritmo também poderia ter sido mais consistente, com alguns momentos de tédio pelo meio que poderiam ter sido evitados.
No entanto, existe uma grande vantagem neste filme: o seu sentido de humor. Praticamente todos os diálogos fazem soltar uma gargalhada genuína. É um filme que não se leva demasiado a sério, uma lufada de ar fresco para o género.  

Cenários & Efeitos especiais:
Relativamente aos efeitos especiais não tenho grandes queixas, cumpriram o seu propósito e ainda me fizeram vibrar com alguns momentos, em particular os flashbacks da guerra civil e o confronto entre Lena e Ridley durante o jantar.

A própria caracterização da propriedade Ravenwood estava belíssima e intrigante e o guarda-roupa (especialmente da família de Lena) estava bem conseguido.
Um especial destaque para a banda sonora que me pareceu, em geral, bastante apropriada aos momentos e que deu a vida a algumas cenas. 

Elenco:


Os protagonistas, Alden Ehrenreich (Ethan) e Alice Englert (Lena) surpreenderam-me bastante pela positiva. A nível visual pareciam um pouco desajustados para os respetivos papéis mas as suas interpretações compensaram esse facto. Um especial destaque para Alden Ehrenreich que trouxe uma vulnerabilidade fascinante ao Ethan, algo que não esperava de todo.

Os veteranos Jeremy Irons (Macon Ravenwood) e Emma Thompson (Mrs. Lincoln) são estrondosos, como seria de esperar. Também Emmy Rossum (Ridley) e Thomas Mann (Link) levaram a cabo umas excelentes interpretações.
A única desilusão talvez tenha sido Viola Davis (Amma), pois senti que faltava algo do verdadeiro espírito desta personagem. Amma é uma presença tão viva, com tanto fulgor, sempre a repreender e educar o Ethan, enquanto no filme pareceu-me mais apagada.


Porém, o elenco de uma forma geral foi cativante e envolvente, com prestações eficazes.

Principais diferenças entre o filme e o livro:
Sem dúvida que o ponto mais irritante deste filme são as mudanças tão extremas que parece que a estória nem sequer é a mesma. Confesso que houve alturas em que não reconheci o enredo, o que destruiu a minha capacidade de me embrenhar totalmente neste universo.
A começar pelas personagens principais que, para além das diferenças no aspeto, supostamente não deveriam ter a pronúncia acentuada do Sul dos EUA. Era um dos aspetos que os destacava da população de Gatlin nos livros e durante a maior parte do filme os sotaques foram um pouco irritantes e às vezes forçados. Também a relação entre o Ethan e a Lena está substancialmente diferente no filme: sem conversas telepáticas, sem choques quando se tocam, sem as obsessões peculiares da Lena (queria tanto ter visto o seu colar cheio de recordações ou a sua mania de escrever constantemente e em todo o lado a marcador)… Pareceu-me que substituíram os momentos mais enternecedores do livro por cenas românticas mais vulgares. Apesar de tudo, os protagonistas mantiveram uma certa química especial que associo à relação nos livros, o que é sem dúvida um ponto a favor.  
Outro aspeto que me perturbou foi a falta de algumas personagens centrais na trama. O pai de Ethan, por exemplo, deixou um grande vazio no filme. É uma personagem com uma tremenda influência em Ethan e é apenas mencionado uma única vez! Qual é a lógica de vermos o ambiente em casa de Ethan sem o seu pai?! É simplesmente estranho e torna mais difícil para o público perceber o verdadeiro impacto da morte da mãe de Ethan. Contudo, as ausências que mais me chocaram foram as tias de Ethan, as velhinhas engraçadas e caricatas que dariam outra cor à estória. Em falta está também Marian, a bibliotecária que funciona como enquadramento teórico nos livros e que, segundo percebi, foi aglomerada à personagem de Amma. Não me importei assim tanto com esta mudança mas já tendo lido o segundo volume da saga confesso que será difícil explicar certas coisas mais à frente na estória (mas pelos vistos não haverá um segundo filme portanto…). E onde está o meu querido Boo Radley? Pronto, este até concedo ao realizador que não era essencial mas queria tanto tê-lo visto no filme…
As personagens secundárias também sofreram algumas alterações substanciais, principalmente Ridley, a prima de Lena ligada às Trevas. Em termos visuais esperava algo muito diferente (onde está o chupa-chupa?), apesar de ter gostado da interpretação badass da atriz. No entanto, o final que lhe deram foi uma desilusão, pois no livro é-lhe dado um momento de redenção e aqui simplesmente foge numa atitude de cobardia. Quanto ao resto da família, até gostei das respetivas caracterizações, com a exceção do Larkin, que digamos que não é tão bonzinho quanto o filme dá a entender.
E a derradeira desilusão do filme: o seu final. Ou melhor, uma das piores partes nem sequer é o final, é a revelação da verdadeira identidade de uma das personagens a meio do filme (que só acontece no final do livro, claro)! Mais ainda, a mitologia é deturpada de tal maneira que as regras da magia são diferentes e menos coerentes. O desenlace do livro é bem mais emotivo, mas também mais lógico, com as consequências da escolha de Lena bem presentes, levantando algumas questões morais e filosóficas. No filme, praticamente tudo no desfecho é inventado, nada acontece da mesma maneira no livro e a única questão que levanto é: porquê?
A verdade é que adaptar esta obra não foi certamente uma tarefa fácil. Mas também não era necessário corromper tanto o fio condutor da estória, pois comprometeu todo o encanto que associava à estória original. O filme tem os seus momentos e os fãs do género certamente irão gostar, mas como adaptação desilude bastante. Um conselho: leiam o livro, é sem dúvida superior.
Balanço final: 5/10

Trailer:

4 comentários:

  1. Eu ainda não li o livro e gostei do filme. Gostei sobretudo da química entre o casal. Mesmo não sabendo o enredo do livro achei o final meio estranho:P
    Talvez um dia leia o livro:) Beijos

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    1. A química entre o casal estava ótima :) Mas o final!!! Argh que horror, nada a ver com o livro --'
      O livro é melhor, acredita ;)
      Beijinhos*

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  2. O livro é mil vezes melhor! E tenho dito! xD

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