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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

"A Filha do Capitão" de José Rodrigues dos Santos [Opinião Literária]


Título: A Filha do Capitão
Autor: José Rodrigues dos Santos
Editora: Gradiva

Sinopse:
Quem sabe se a vida do capitão Afonso Brandão teria sido totalmente diferente se, naquela noite fria e húmida de 1917, não se tivesse apaixonado por uma bela francesa de olhos verdes e palavras meigas. O oficial do exército português estava nas trincheiras da Flandres, em plena carnificina da I Guerra Mundial, quando viu o seu amor testado pela mais dura das provas. Em segredo, o Alto Comando alemão preparava um ataque decisivo, uma ofensiva tão devastadora que lhe permitiria vencer a guerra num só golpe, e tencionava quebrar a linha de defesa dos aliados num pequeno sector do vale do Lys. O sítio onde estavam os portugueses. Tendo como pano de fundo o cenário trágico da participação de Portugal na Grande Guerra, A Filha do Capitão traz-nos a comovente história de uma paixão impossível e, num ritmo vivo e empolgante, assinala o regresso do grande romance às letras portuguesas. O Capitão Afonso Brandão mudou a sua vida quase sem o saber, numa fria noite de boleto, ao prender o olhar numa bela francesa de olhos verdes e voz de mel. O oficial comandava uma companhia da Brigada do Minho e estava havia apenas dois meses nas trincheiras da Flandres quando, durante o período de descanso, decidiu ir pernoitar a um castelo perto de Armentières. Conheceu aí uma deslumbrante baronesa e entre eles nasceu uma atracção irresistível. Mas o seu amor iria enfrentar um duro teste. O Alto Comando alemão, reunido em segredo em Mons, decidiu que chegara a hora de lançar a grande ofensiva para derrotar os aliados e ganhar a guerra, e escolheu o vale do Lys como palco do ataque final. À sua espera, ignorando o terrível cataclismo prestes a desabar sobre si, estava o Corpo Expedicionário Português.

Opinião:
Esta obra é uma ilustre representação da participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial. Um romance histórico credível, que facilmente ambienta o leitor na época descrita. Mais ainda, é uma estória de um amor condenado pelo tempo de guerra.
Apesar de por vezes demasiado descritivo, a escrita de José Rodrigues dos Santos é fluída e equilibrada, alternando entre a fundamentação histórica e um excelente desenvolvimento das personagens. O autor caracteriza muito bem o nosso país no final do século XIX e início do século XX: a pobreza das zonas rurais, a influência da religião católica, o surgimento do primeiro automóvel, entre outros detalhes históricos que iluminam esta obra.
Acima de tudo, considero este livro uma grande homenagem aos soldados portugueses que lutaram nas trincheiras de Flandres. Os detalhes com que o autor caracteriza este ambiente bélico comovem profundamente, não tanto pela estória de amor condicionada pelas circunstâncias, mas principalmente pela camaradagem entre os soldados. Gente humilde, pobre, atirada para um conflito que não pediram, que não queriam defender, continuamente enganados por promessas vãs de licenças ou reforços que nunca chegaram. Este sim é o coração desta obra: personagens credíveis que mesmo perante a maior miséria encontram a amizade e o humor uns nos outros.
José Rodrigues dos Santos deixou-me muito impressionada com a sua escrita envolvente e repleta de substância. Este é, irrefutavelmente, um romance histórico brilhante.

2 comentários:

  1. Li este livro há vários anos e até hoje é um dos meus livros preferidos de autores portugueses contemporâneos :)

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    1. É um livro fantástico, é o meu preferido do José Rodrigues dos Santos :)

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