"A Filha do Capitão" de José Rodrigues dos Santos [Opinião Literária]
Título: A Filha do Capitão
Autor: José Rodrigues dos Santos
Editora: Gradiva
Sinopse:
Quem sabe se a vida do capitão Afonso Brandão teria sido totalmente
diferente se, naquela noite fria e húmida de 1917, não se tivesse apaixonado
por uma bela francesa de olhos verdes e palavras meigas. O oficial do exército
português estava nas trincheiras da Flandres, em plena carnificina da I Guerra
Mundial, quando viu o seu amor testado pela mais dura das provas. Em segredo, o
Alto Comando alemão preparava um ataque decisivo, uma ofensiva tão devastadora
que lhe permitiria vencer a guerra num só golpe, e tencionava quebrar a linha
de defesa dos aliados num pequeno sector do vale do Lys. O sítio onde estavam
os portugueses. Tendo como pano de fundo o cenário trágico da participação de
Portugal na Grande Guerra, A Filha do Capitão traz-nos a comovente história de
uma paixão impossível e, num ritmo vivo e empolgante, assinala o regresso do
grande romance às letras portuguesas. O Capitão Afonso Brandão mudou a sua vida
quase sem o saber, numa fria noite de boleto, ao prender o olhar numa bela
francesa de olhos verdes e voz de mel. O oficial comandava uma companhia da
Brigada do Minho e estava havia apenas dois meses nas trincheiras da Flandres
quando, durante o período de descanso, decidiu ir pernoitar a um castelo perto
de Armentières. Conheceu aí uma deslumbrante baronesa e entre eles nasceu uma
atracção irresistível. Mas o seu amor iria enfrentar um duro teste. O Alto
Comando alemão, reunido em segredo em Mons, decidiu que chegara a hora de
lançar a grande ofensiva para derrotar os aliados e ganhar a guerra, e escolheu
o vale do Lys como palco do ataque final. À sua espera, ignorando o terrível
cataclismo prestes a desabar sobre si, estava o Corpo Expedicionário Português.
Opinião:
Esta obra é uma ilustre representação da participação portuguesa na 1ª
Guerra Mundial. Um romance histórico credível, que facilmente ambienta o leitor
na época descrita. Mais ainda, é uma estória de um amor condenado pelo tempo de
guerra.
Apesar de por vezes demasiado descritivo, a escrita de José Rodrigues
dos Santos é fluída e equilibrada, alternando entre a fundamentação histórica e
um excelente desenvolvimento das personagens. O autor caracteriza muito bem o
nosso país no final do século XIX e início do século XX: a pobreza das zonas
rurais, a influência da religião católica, o surgimento do primeiro automóvel,
entre outros detalhes históricos que iluminam esta obra.
Acima de tudo, considero este livro uma grande homenagem aos soldados
portugueses que lutaram nas trincheiras de Flandres. Os detalhes com que o
autor caracteriza este ambiente bélico comovem profundamente, não tanto pela
estória de amor condicionada pelas circunstâncias, mas principalmente pela
camaradagem entre os soldados. Gente humilde, pobre, atirada para um conflito
que não pediram, que não queriam defender, continuamente enganados por
promessas vãs de licenças ou reforços que nunca chegaram. Este sim é o coração
desta obra: personagens credíveis que mesmo perante a maior miséria encontram a
amizade e o humor uns nos outros.
José Rodrigues dos Santos deixou-me muito impressionada com a sua
escrita envolvente e repleta de substância. Este é, irrefutavelmente, um
romance histórico brilhante.
Li este livro há vários anos e até hoje é um dos meus livros preferidos de autores portugueses contemporâneos :)
ResponderEliminarÉ um livro fantástico, é o meu preferido do José Rodrigues dos Santos :)
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