Sábados na Poesia: reflexões e desabafos (1)
A poesia é
uma paixão, um vício desde a minha infância. Por isso, e como este blog foi
criado para divulgar os meus não tão moderados vícios e obsessões, inauguro
hoje uma nova rubrica: Sábados na Poesia: reflexões e desabafos. Em que
consistirá? Bom, de 15 em 15 dias, (ou conforme a minha disposição, pode não ser
assim tão rígido), aos Sábados, vou divulgar o melhor (na minha modesta
opinião) da poesia portuguesa. Ou seja, vou divulgar um poema (de uma longa
lista dos meus poemas favoritos) e elaborar uma pequena reflexão/desabafo que
provavelmente refletirá a minha disposição nesse dia.
Deixo-vos agora com o primeiro post desta rubrica e um dos poemas que mais me marcou.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Urgentemente
É urgente o
amor
É urgente um
barco no mar.
É urgente
destruir certas palavras,
ódio,
solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente
inventar alegria,
multiplicar os
beijos, as searas,
é urgente
descobrir rosas e rios
e manhãs
claras.
Cai o
silêncio nos ombros
e a luz
impura até doer.
É urgente o
amor,
É urgente
permanecer.
Eugénio de Andrade
[Até Amanhã, 1956]
Eugénio de Andrade caracteriza sublimemente o
mundo em que vivemos, um mundo onde metaforicamente reina o silêncio e a impureza.
E é deste mundo que nos orgulhamos? Sim, tem a sua beleza, mas quantas vezes não
é esta deturpada e dizimada pela força da crueldade, do ódio e do egoísmo?
É urgente lutar pelo ideal, talvez utópico,
algo ingénuo, por vezes irrealista, do advento de uma sociedade mais justa,
mais equitativa, mais pura.
É, urgente, o amor, o amor pelo próximo, pelo
que nos rodeia, pelo nosso futuro… E o mais importante, é nunca desistir da intensa
esperança de um mundo melhor. É urgente manter esta expectativa, esta fé em nós
próprios e nos outros, no potencial da Humanidade: é urgente permanecer!
0 comentários: