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sábado, 10 de novembro de 2012

Sábados na Poesia: reflexões e desabafos (1)


A poesia é uma paixão, um vício desde a minha infância. Por isso, e como este blog foi criado para divulgar os meus não tão moderados vícios e obsessões, inauguro hoje uma nova rubrica: Sábados na Poesia: reflexões e desabafos. Em que consistirá? Bom, de 15 em 15 dias, (ou conforme a minha disposição, pode não ser assim tão rígido), aos Sábados, vou divulgar o melhor (na minha modesta opinião) da poesia portuguesa. Ou seja, vou divulgar um poema (de uma longa lista dos meus poemas favoritos) e elaborar uma pequena reflexão/desabafo que provavelmente refletirá a minha disposição nesse dia.

Deixo-vos agora com o primeiro post desta rubrica e um dos poemas que mais me marcou.

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Urgentemente

É urgente o amor
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.
Eugénio de Andrade
[Até Amanhã, 1956]


Eugénio de Andrade caracteriza sublimemente o mundo em que vivemos, um mundo onde metaforicamente reina o silêncio e a impureza. E é deste mundo que nos orgulhamos? Sim, tem a sua beleza, mas quantas vezes não é esta deturpada e dizimada pela força da crueldade, do ódio e do egoísmo?

É urgente lutar pelo ideal, talvez utópico, algo ingénuo, por vezes irrealista, do advento de uma sociedade mais justa, mais equitativa, mais pura.

É, urgente, o amor, o amor pelo próximo, pelo que nos rodeia, pelo nosso futuro… E o mais importante, é nunca desistir da intensa esperança de um mundo melhor. É urgente manter esta expectativa, esta fé em nós próprios e nos outros, no potencial da Humanidade: é urgente permanecer!


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