"Vozes do Passado" de Nora Roberts [Opinião Literária]
Título: Vozes do
Passado
Autora: Nora Roberts
Editora: Ulisseia
Sinopse:
Numa tarde quente de Julho, um operário que trabalhava num estaleiro de
construção em Antietam Creek golpeia com a enxada um determinado ponto do solo
– e atinge um crânio humano com cerca de 5000 anos. A descoberta suscita
curiosidade e, como não podia deixar de ser, alguma controvérsia. E irá também
mudar de forma imprevisível a vida de uma mulher…
A arqueóloga Callie Dunbrook sabe, é claro, imensas coisas a respeito do
passado. Mas é o seu próprio passado que irá agora ser escrutinado e posto em
causa. Escolhida por razoes de competência para dirigir a estação arqueológica
de Antietam Creek, ela vai aí enfrentar vários perigos – já que a sombra da
morte e do infortúnio parece planar sobre aquele local, que muitos aliás dizem
estar amaldiçoado. Pouco a pouco, redescobre uma paixão que pressente ser
também perigosa ao ter de colaborar, nesse seu novo trabalho, com Jake
Graystone, o irritante mas irresistível ex-marido. E quando finalmente uma
estranha mulher a aborda, afirmando conhecer um segredo a respeito da sua
infância, há questões surpreendentes e inquietantes relativas à sua própria
identidade que não podem ser ignoradas.
À medida que procura respostas para todas as suas dúvidas, Callie irá
descobrir que alguns enganos e algumas mágoas se não deixam facilmente
sepultar. E que há quem esteja disposto a tudo para que a verdade nunca seja
descoberta.
Opinião:
Ler uma obra de Nora Roberts é sentir que regressamos àquele lugar
especial e aconchegante, uma leitura confortável, repleta de romance, mistério
e sedução. Nesta obra, a autora explora a forma como os segredos do passado
voltam sempre para nos assombrar, tendo a possibilidade de destruir tudo aquilo
que construímos para nós próprios.
Callie, a protagonista, terá de aprender este facto da pior maneira
possível: descobre que foi adotada e, como se não fosse suficientemente
chocante, que foi raptada quando ainda era uma criança. Assim, Callie
encontra-se dividida entre a lealdade para com os seus pais adotivos, que nada
sabiam da sua origem ilegal, e a sua família biológica, uma família para sempre
marcada pelo trauma do seu desaparecimento. Adorei a abordagem a este tema tão
sensível, retratando fielmente o sofrimento de uma mãe que desconhece o
paradeiro da sua filha, o trauma de um irmão que se sente responsável pelo
desaparecimento da irmã mais nova que jurou proteger, e o tormento de um pai
que nada consegue fazer para manter a sua família unida. Esta é a estória do destino
interrompido de uma família, para sempre perdido nas malhas da história, e que
nunca poderá regressar.
Para embelezar todo este cenário dramático, a componente romântica desta
estória certamente não desilude. Callie e Jake são um casal um pouco atípico
para esta autora: divorciados, colegas de profissão obrigados a colaborar,
apesar de toda a tensão entre ambos. Embora sejam extremamente teimosos,
determinados e por vezes absurdamente egocêntricos, estes dois são personagens
impossíveis de odiar, cujas intenções são fundamentalmente boas mas cuja
dificuldade em comunicarem os seus verdadeiros sentimentos me deixou algo
exasperada. Afinal, bastaria uma conversa honesta para finalmente se
aperceberem que o amor que os unia nunca deixou de existir. Ainda assim, os
diálogos entre ambos são bastante divertidos, precisamente pelas suas atitudes
teimosas.
Por outro lado, a autora apresenta-nos a outro casal: Doug e Lana. O
primeiro carrega consigo a culpa pelo desaparecimento da irmã, enquanto Lana
tenta ultrapassar a morte súbita do seu marido e providenciar uma infância
feliz para o seu filho. Apreciei bastante a dinâmica deste casal, especialmente
o facto de ser Lana a dar os primeiros passos na relação, quebrando qualquer
estereótipo de género. A sua personalidade fogosa, impulsiva e determinada
fazem dela uma personagem inesquecível neste romance!
Em último lugar, não posso deixar de mencionar Jay e Suzanne, pais
biológicos de Callie, que, perante o reaparecimento da filha que julgavam
perdida, reencontram o amor que sempre os uniu. Este foi provavelmente o casal
que mais me emocionou, ao observar a forma como a perda um filho quase os
destruiu completamente, para finalmente reencontrarem a felicidade nos braços
um do outro.
Mais uma vez, Nora Roberts recorre à sua extraordinária capacidade para
criar um romance cativante, com personagens arrebatadoras, temáticas pujantes e
emotivas, sem esquecer uma boa pitada de humor.
Parece ser um livro que vou gostar imenso de ler :)
ResponderEliminarBeijinho
Também acho que sim :) Aconselho ;)
EliminarBeijinhos e boas leituras!